Ana Maria Campos
Aprovado ontem por unanimidade no plenário do Senado, o projeto Ficha Limpa terá pouco efeito prático no Distrito Federal se já for aplicado nas próximas eleições. A proposta que impede o registro de candidatos que tiverem condenação em órgão colegiado da Justiça não atinge políticos que hoje exercem mandato na capital do país. Nenhum deputado distrital, federal ou senador está nessa situação. Os investigados na Operação Caixa de Pandora, o maior escândalo da história de Brasília, também poderão concorrer sem atropelos legais.
O ex-governador José Roberto Arruda e o ex-vice Paulo Octávio só estão impedidos de se candidatar porque não estão filiados a partido político, mesma barreira para o ex-presidente da Câmara Legislativa Leonardo Prudente. Também filmado recebendo dinheiro de Durval Barbosa o ex-deputado Júnior Brunelli (PSC) está livre para se candidatar, mesmo que seu nome seja incluído na denúncia que a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge deverá ajuizar em breve pelo suposto esquema de pagamento de mesada a deputados distritais e secretários.
Filiação
Afastada do cargo de deputada por decisão judicial, Eurides Brito (PMDB) também mantém filiação partidária, mas poderá ficar impedida de concorrer porque está em curso um processo de cassação de mandato com pena de inelegibilidade pelos próximos oito anos. Esse é o único empecilho para a candidatura de Carlos Xavier (PMDB), único deputado distrital cassado na história da Câmara Legislativa. Ele foi denunciado como mandante do assassinato de um jovem de 16 anos, mas seu caso ainda não foi submetido ao Tribunal do Júri de Samambaia. Mesmo que fosse condenado só teria problemas eleitorais se a decisão fosse mantida pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).
Um dos políticos que teria dificuldade é o ex-senador Luiz Estevão (PMDB), que tem condenação no Tribunal Regional Federal da 1ª Região por evasão de divisas e manutenção de contas bancárias no exterior sem comunicar a Receita Federal e o Banco Central. A condenação foi mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em abril. Em tese, Estevão está inelegível até 2014 por causa da cassação no Senado, há 10 anos. Ele entende que poderia concorrer já em outubro, mas segundo pessoas próximas não vai entrar na campanha.
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