Ações da PF são antecipadas por causa da Olimpíada
Fonte: CBN
Por Felipe Igreja
Somente na última semana, foram deflagradas 11 ações em todo o Brasil, com mais de 30 prisões. Além da Olimpíada, eleições também desaceleram o ritmo da PF. Agentes e delegados reclamam do baixo efetivo.
O deslocamento de policiais federais para atuar na segurança da Olimpíada vai esvaziar as investigações em curso durante o período dos jogos do Rio de Janeiro. Por isso, os agentes estão acelerando o ritmo de trabalho até a próxima quarta-feira, quando boa parte dos policiais começa a embarcar para o Rio. Os números da última semana reforçam a corrida contra o tempo. Somente nos últimos sete dias, foram realizadas 11 ações.
Um levantamento, com base nas informações divulgadas pela própria PF, mostra prisões, conduções coercitivas e buscas em mais de 10 estados, com a participação de pelo menos 600 homens. Apenas na última quinta-feira foram quatro grandes operações simultâneas, com o cumprimento de 31 ordens de prisão preventiva e outras 25 de conduções coercitivas. Já na sexta-feira, a Lava Jato ganhou uma nova fase, determinada pelo Supremo Tribunal Federal, que levou à prisão o doleiro Lúcio Funaro, suspeito de atuar a favor de Eduardo Cunha no esquema.
Apesar da direção da PF negar qualquer tipo de problema com as investigações já em andamento, agentes e delegados dizem que a concentração de policiais nos jogos olímpicos pode sim comprometer apurações importantes, como revela o vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais Flávio Werneck.
“Com o advento dos jogos nós vamos ter um desfalque sim, nas superintendências, e que vai dificultar, durante os jogos, a execução de ações específicas dessas operações. A parte operacional das investigações vai ficar diminuída durante esse período dos jogos sim, por conta do deslocamento dos policiais para os jogos. Na próxima semana já temos policiais indo para o Rio de Janeiro”, diz Werneck.
O recesso no Supremo Tribunal Federal também deve dificultar novas grandes operações. Isso porque o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, costuma levar as suas decisões para o plenário da corte, que só volta a se reunir em agosto. Outro fator que pode impedir novas operações por um longo tempo são as eleições municipais. A Polícia Federal atua como a polícia judiciária eleitoral e por força de Lei precisa dar prioridade aos inquéritos eleitorais a partir de agosto. O presidente de Associação Nacional dos Delegados da PF, Carlos Eduardo Sobral, explica que em razão das prioridades no segundo semestre e do baixo efetivo, os delegados tentam resolver o maior número possível de investigações antes dos jogos do Rio.
“No segundo semestre, nossos recursos vão ficar alocados em sua maioria nas olimpíadas e na sequência no processo eleitoral. Evidentemente que há um processo natural de tentar um esforço concentrado agora para se deflagrar todas as operações e investigações que puderem ser deflagradas, sem prejudicar a qualidade e a investigação em si”, explica Sobral.
De acordo com a Associação dos Delegados da PF, existem quase 500 cargos de delegados vagos na estrutura da Polícia Federal. Outros 400 podem se aposentar até o fim deste ano, o que agravaria a situação. Por meio de nota, a direção da Polícia Federal disse que não iria comentar o caso e que questões relacionadas aos homens que serão empregados nos Jogos Olímpicos são reservadas.
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