O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determinou ontem a abertura de inquérito pela Polícia Federal para apurar esquema de corrupção nos Correios supostamente capitaneado pelo PTB. A denúncia foi publicada pela revista Veja, que mostra uma gravação onde aparece Mauricio Marinho, diretor da estatal, embolsando um pacote com R$ 3 mil dado por empresários que negociavam vantagens em licitações do órgão. Marinho, que chefiava o departamento de contratação e administração de material, disse na gravação que o esquema de corrupção tem o aval do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ).
Thomaz Bastos conversou por telefone no sábado com o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, que pediu uma investigação por parte do governo. Ontem, também por telefone, Bastos conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os dois entenderam que a melhor solução para o caso seria a abertura de um inquérito pela Polícia Federal.
Citado na gravação, o deputado Roberto Jefferson vai ocupar amanhã a tribuna da Câmara para se defender e deve sustentar a versão de que estaria sendo vítima de chantagem. O deputado passou o fim de semana montando sua estratégia e marcou para hoje, em Brasília, uma reunião com parlamentares do PTB para discutir a reação que o partido deve adotar diante do desgaste político a que foi submetido com as denúncias.
Ao comentar a denúncia, o ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmou ontem que as providências adotadas até agora foram corretas, no caso o afastamento do funcionário envolvido e abertura da investigação do caso. “Soube pela imprensa que o chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material, Maurício Marinho, havia sido afastado do cargo”, disse o ministro. Questionado se o possível excesso de cargos em comissão facilitaria esse tipo de situação, Luiz Dulci afirmou que o Brasil “é um dos países que tem, proporcionalmente, o menor número de cargos em comissão e até onde eu possa perceber, não há excesso de cargos efetivos e nem de funcionários em comissão
Conselho de Ética.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Alberto Goldman (SP), quer que o Conselho de Ética da Casa e o Ministério Público se pronunciem sobre o assunto. “Como a acusação envolve um deputado federal, é preciso apurar se houve transgressão do código de ética”, disse o líder, acrescentando que seu partido espera também que o Ministério Público abra uma investigação sobre a denúncia. “Se o Ministério Público são tomar essa iniciativa, vamos provocá-lo, pois há uma fita com denúncias graves e provas irrefutáveis de corrupção”, disse Goldman.
Para o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), a denúncia é muito preocupante e atinge o governo e o Congresso. “Isso mostra que o governo, além de viver um processo de deterioração política, perdeu o controle no aspecto ético”, disse. “É ruim para o Congresso e mais grave para o governo Lula, que está parecendo um tonel furado”, completou o pefelista.
Indicações mantidas.
Os acionistas de Furnas Centrais Elétricas votarão hoje, em assembléia geral, a indicação de Francisco Pirandel para a diretoria de Engenharia da empresa, preenchendo mais um dos dois mil cargos de confiança com que o PTB, presidido pelo deputado Roberto Jefferson (RJ), conta no governo Lula. Antes do escândalo da caixinha do PTB nos Correios, já havia uma decisão da diretoria de Furnas de colocar a votação do apadrinhado do PTB como item extra da pauta da assembléia.
A nomeação de Pirandel, se confirmada pela assembléia da estatal de energia elétrica, representará uma vitória de Jefferson. Depois de três meses de intensas negociações com o Palácio do Planalto, o presidente do PTB conseguiu dobrar até mesmo a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef. A ministra era contrária à contratação do petebista, mas acabou vencida depois que Jefferson conversou sobre o assunto com o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Silva.
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