Outro dia conheci um colega, lotado no Nordeste, que já está completando quase 30 anos dedicado ao DPF, que só teve o prazer de freqüentar a Academia, apenas uma vez, durante o curso de formação. Nunca mais a ele foi proporcionada a oportunidade de aprender qualquer coisa, a não ser pela sua própria iniciativa. Tiro, defesa pessoal, técnicas modernas de investigação, técnicas operacionais, enfim, o Departamento de Polícia Federal se esqueceu que a polícia só pode melhorar com a melhora da qualidade do policial.
Tivemos o prazer de receber a visita desse e de outros policiais que visitaram o Sindipol/DF no último final de semana, durante o evento que comemorava a decisão do torneio de futebol.
Durante o bate papo com os colegas ficamos sabendo que eles foram convidados para participar de um treinamento, oferecido pela SSP/DF, com a finalidade de aprenderem como administrar e trabalhar em um presídio, com todos os seus característicos problemas.
Não entendemos a princípio qual seria o motivo para deslocarem policiais federais, afastando-os de suas atividades rotineiras, para aprender a “tomar conta de preso”. Foi então que recebemos a explicação de que a Penitenciária Federal que será em breve inaugurada no Mato Grosso, em virtude de não ter ainda agentes penitenciários devidamente recrutados, nomeados e treinados, seria necessário utilizar da mão de obra que já está disponível, ou seja, Agentes de Polícia Federal.
Qual o problema? Tudo bem. Afinal de contas nós estamos aí para o que der e vier. Servimos para qualquer coisa. Somos “pau para toda obra”. Não precisamos de condições dignas de trabalho e nem sequer precisamos ser promovidos. Perfeito!!
Irônico? Talvez, porém parece que é assim mesmo que acontece. Nada pessoal. Mas merecemos respeito.
Agora, por outro lado, verdade seja dita. Os policiais que fazem o treinamento, que parece estar sendo chamado de estágio (curso é só de vez em quando), estão gostando dos ensinamentos recebidos. “Estamos tratando com profissionais finalmente”, disse um dos estagiários (será que é assim que deverá ser chamado quem faz estágio, mesmo que seja um policial experiente?), e completa afirmando: “até que enfim um instrutor que conhece a matéria que está ensinando, pela sua experiência profissional”. Outra afirmação ouvida e avaliada por nós de forma positiva foi a de que o treinamento é sério, sem regalias ou favorecimentos. Os policiais estão aprendendo a lidar com o sistema carcerário, dentro da realidade nacional.
Os colegas que estiveram no Sindipol/DF foram unânimes ao elogiar os instrutores e responsáveis pela realização do treinamento. Parabéns à Secretaria de Segurança Pública, pela dedicação e profissionalismo com que recebeu e vem tratando os Policiais Federais.
Esperamos que, caso esses dedicados policiais venham a exercer essa nova função, que seja com dignidade. Que seja a eles oferecido trabalho, mas com segurança, equipamentos e tudo o mais que for necessário a qualquer função que represente o Estado e a Sociedade.
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