São US$ 322 bilhões (R$ 886 bilhões) em vendas ao consumidor final, o que equivale a 0,9% do Produto Interno Bruto Mundial. O volume de drogas no atacado (US$ 94 bilhões) representa 1,3% das exportações globais, e excede em larga escala o comércio internacional de carne, trigo, café e derivados do tabaco, entre outros produtos. A venda de maconha vem na frente – US$ 113 bilhões, no varejo – seguida pela cocaína, opiáceos (heroína, morfina), drogas sintéticas (anfetaminas, ecstasy) e haxixe. A maconha, aliás, foi a única droga que apresentou crescimento significativo do número de consumidores – 15 milhões a mais em relação ao último relatório.
Cerca de 200 milhões de pessoas (5% da população mundial) usam drogas. Desses, 160,9 milhões consomem maconha ou haxixe, e 26 milhões anfetaminas, os produtos mais usados. O Índice Global de Drogas Ilícitas (IDI), apresentado pela primeira vez no relatório, tem três variáveis (produção, tráfico e consumo). Quanto maior, mais sério o problema na região estudada. O maior índice é o do Oriente Médio e Sudoeste da Ásia, em razão da produção de ópio no Afeganistão e do tráfico nos países limítrofes. Na América do Sul – que tem o segundo maior IDI – o problema é a intensa produção e tráfico nos países andinos. O terceiro o maior IDI é o da América do Norte, que reflete o consumo e o tráfico sobretudo de drogas sintéticas.
O Brasil ''é um país médio'', não apresentando índices exorbitantes nem na produção nem no tráfico, nem no consumo. A constatação é do representante do Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crime (UNODC) para o Brasil e o Cone Sul, Giovanni Quaglia.
Quaglia se encarregou de desfazer alguns mitos como o de que o Brasil está se transformando num entreposto da droga produzida nas Américas em direção à Europa. Mais de 90% dessas drogas – revelou – saem via México e Caribe. Um outro mito desfeito pelo especialista é de que em alguns países, como a Bolívia, os cultivos direcionados à produção de drogas representam um problema de sobrevivência para as populações pobres.
Com a autoridade de quem trabalhou alguns anos na Bolívia e no Afeganistão, Quaglia afirma que os produtores ficam com uma parcela insignificante de ganhos, que está concentrado no varejo, e costumam ocupar áreas públicas – como reservas protegidas, por exemplo – para o plantio.
quanto à situação brasileira, o representante do UNODC foi enfático.
– A experiência mostra que os programas de recuperação dos usuários de drogas são as medidas mais eficientes para reinseri-los na vida social. E não é fácil estruturar programas de governo. Levam em média 25 anos para serem consolidados. Nesse ponto o Brasil está atrasado – afirmou.
Um outro temor do representante da ONU é a possibilidade de expansão de drogas sintéticas (anfetaminas e ecstasy) no Brasil.
– São dois fatores. O tamanho da indústria química brasileira e a facilidade para a fabricação destas drogas – adverte.
Em relação aos seus vizinhos do Cone Sul – Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai), é o primeiro lugar no consumo de ecstasy.
O relatório da ONU mostra ainda que em 2003, o país registrou a quinta maior apreensão mundial de maconha e a oitava de cocaína.
A totalidade da cocaína que chega ao Brasil vem de países sul-ameicanos: Colômbia, Bolívia e Peru. E o país também não foge à regra mundial da alta incidência de portadores de Aids, entre os que usam drogas injetáveis: entre os brasileiros, a percentagem é de 50%.
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