O ministro da Educação, Tarso Genro, é o novo presidente do PT. O diretório nacional do partido aprovou em votação na noite deste sábado a chapa que substitui a cúpula petista. No início da tarde, José Genoino anunciou seu afastamento da presidência. O secretário de comunicação do PT, Marcelo Sereno, tomou a mesma decisão. Na segunda-feira passada, o secretário-geral do partido, Silvio Pereira, já tinha saído e na terça foi a vez do tesoureiro Delúbio Soares. Todos os quatro dirigentes afastados são suspeitos de envolvimento no suposto esquema do mensalão, o pagamento de propina a deputados da base aliada do governo.
A nova direção do PT terá, além de Tarso Genro, que deixará o Ministério da Educação, dois outros freqüentadores da Esplanada dos Ministérios: Ricardo Berzoini, que vai passar a pasta do Trabalho para o sindicalista Luiz Marinho; e Humberto Costa, substituído na Saúde por Saraiva Felipe, do PMDB. Berzoini assume a secretaria-geral do PT e Costa, a secretaria de comunicação. O deputado federal José Pimentel (CE) passa a ocupar a secretaria de finanças.
Em seu primeiro discurso como presidente do PT, Tarso Genro prometeu realizar uma auditoria nas contas do partido e informou que essa será uma de suas primeiras medidas. Apesar de se dizer pronto para o novo desafio, ele admitiu que lamenta ter de deixar o Ministério da Educação. E acrescentou que pretende apresentar, antes de sair, a reforma universitária.
Tarso afirmou querer integrar as forças internas do PT.
– Vamos pactuar uma relação com as diferentes forças políticas que integram o partido, fazer uma profunda avaliação dos problemas que implicaram o desgaste do PT e restabelecer a relação com nossa base social – declarou, segundo o site do partido.
A escolha de Tarso Genro foi aprovada com 52 votos a favor, nenhum contra e 21 abstenções. Tarso Genro fez, na noite de sábado, seu primeiro discurso como presidente do PT. O diretório nacional está reunido no Hotel Braston, no centro da capital paulista. O encontro do partido prossegue neste domingo.
Tarso Genro foi indicado pelo Campo Majoritário, tendência que controla 70% dos cargos do PT no diretório nacional. A esquerda do partido não concordou com a indicação e defendeu que a ala predominante se afastasse da direção. O argumento era de que a tendência majoritária não mostrou competência para administrar o partido.
– Ficou provado que a condução política até agora foi muito equivocada. A direção do Partido dos Trabalhadores deve ser entregue para aqueles petistas que são realmente socialistas – disse o advogado e ex-deputado federal Plínio de Arruda Sampaio, candidato à presidência do PT nas eleições internas marcadas para setembro, segundo o site do partido.
Segundo reportagem exibida na Globnews TV, Tarso, que está sendo escolhido para um mandato tampão, defende o adiamento do processo eleitoral do PT para o primeiro trimestre do ano que vem. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo partido.
Genoino comunicou oficialmente no início da tarde deste sábado seu desligamento da presidência do PT. Ele disse que deixou suas pretensões particulares em segundo plano, para permitir que a legenda consiga superar a crise que enfrenta. E saiu em defesa do partido, acusado de pagar mensalão a deputados da base aliada para aprovar projetos no Congresso, garantindo que o PT não comprou deputados e não cometeu irregularidades
– Diante da grande responsabilidade que o PT tem nessa crise, para enfrentá-la e buscar nossa repactuação interna, considero que não deveria continuar presidindo o PT. Faço isso com o sentimento de dever cumprido. Não queria ser obstáculo para revigorar o partido – afirmou Genoino, ao anunciar sua saída.
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