A Polícia Federal de Minas Gerais interceptou, no último domingo, 11 malas com valores e cheques que eram transportadas pelo deputado estadual Pastor George Hilton dos Santos Cefilho e pelo vereador Pastor Carlos Henrique Alves da Silva. Os dois políticos são da Igreja Universal Reino de Deus e eleitos pelo Partido Liberal (PL). Eles chegaram às 17h30 no aeroporto da Pampulha, região Norte da capital, vindos de Poços de Caldas, Sul de Minas, a 460km da capital. Diferentemente do tratamento dado ao deputado o deputado João Batista Ramos (PFL-SP), flagrado anteontem pela PF com sete malas de dinheiro que somavam R$ 10,2 milhões, em Brasília, os federais de Minas não instauraram inquérito para apurar a origem do dinheiro transportado pelos pastores George Hilton e Carlos Henrique, que foram liberados juntamente com as malas.
O Departamento de Polícia Federal (DPF) em Brasília, através da assessoria, confirmou ontem o registro da ocorrência no aeroporto da Pampulha e justificou que não foi instaurado inquérito porque o diretor-regional-executivo da Superintendência da PF de Minas, delegado Domingos Pereira dos Reis, ficou convencido da origem do dinheiro, que chegou à capital mineira em um avião fretado da empresa Líder Táxi Aéreo. Segundo a assessoria do DPF, os dois parlamentares apresentaram procuração assinada por um pastor de Poços de Caldas para transportar o dinheiro, mas o documento não informava os valores. De acordo com a PF, eles não souberam informar a quantia porque o dinheiro foi arrecadado nos cultos do dia, sem tempo para contabilizá-lo.
Informações
O delegado Paulo Lacerda, diretor-geral do DPF, solicitou ainda ontem as informações da unidade mineira e recebeu uma cópia do livro do plantão do aeroporto da Pampulha. Diante das informações, Lacerda determinou que elas fossem anexadas ao inquérito instaurado na Superintendência da Polícia Federal de Brasília, para apurar a origem do dinheiro apreendido com o deputado João Batista, que também alegou que os valores eram referentes à coleta de fiéis. Segundo a assessoria do diretor-geral, também estão sendo anexadas a este procedimento informações sobre apreensões ocorridas em outros estados, entre eles, Goiás. Depois da conclusão, ainda de acordo com a assessoria da PF, o inquérito será remetido para a Supremo Tribunal Federal, já que os deputados federais têm fôro privilegiado.
Além do plantão da Polícia Federal no aeroporto da Pampulha, hoje destinado apenas a vôos regionais, o plantão do Departamento Aviação Civil (DAC) também registrou a ocorrência de acordo com o suboficial Aurélio. No entanto, ele se recusou a dar mais detalhes sobre o incidente. Através de sua assessoria de imprensa, no Rio, o DAC disse que foi necessário o registro porque as aeronaves, mesmo se tratando de empresas que apenas fazem somente vôos fretados, é exigida a informação de que transportam valores. “O DAC é responsável pela segurança física dos aeroportos e, por isso, se foram importância de maior vulto é necessários montar um esquema especial de embarque”, informou Nascimento, assessor de comunicação do departamento.
Em Minas, a PF se fechou no mais absoluto silêncio e apenas informou que a ocorrência foi registrada no plantão do delegado Rodrigo Teixeira. Como ele não foi localizado, o diretor executivo Domingos dos Reis, assumiu o assunto. O mesmo silêncio veio do deputado, pastor George Hilton e vereador Carlos Henrique. Procurados pelo Estado de Minas, eles não atenderam aos chamados. Segundo o assessor de imprensa do deputado, William Fernandes, o parlamentar não atendeu ao celular porque aproveita o recesso parlamentar para visitar bases no interior. O mesmo argumento foi usado pelos funcionários identificados como Adão Luiz e Nalva, do gabinete do vereador em Belo Horizonte.
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