Em entrevista pouco antes do início da reunião desta quarta-feira na CPI dos Correios, o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirmou que a CPI deve investigar outras empresas do governo, como o Banco do Brasil. O deputado disse que os contratos da empresa DNA, do publicitário Marcos Valério com o Banco do Brasil se assemelham aos encontrados entre os Correios e a SMP&B, também do empresário. Valério é acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser o operador do chamado mensalão.
– A fumaça é a mesma – disse Serraglio.
Nesta quarta-feira, a CPI ouve os depoimentos dos ex-presidentes dos Correios Airton Langardo Dipp e João Henrique de Almeida Souza e do presidente da Skymaster Airlines, Luiz Otávio Gonçalves, que tinha contrato de prestação de serviço com a estatal. O depoimento do ex-diretor de Operações dos Correios Maurício Coelho Madureira, que tinha sido marcado para a noite de terça, foi adiado. Segundo o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), na quinta os parlamentares vão decidir a nova data para ouvi-lo.
Serraglio informou que a sessão desta quarta terá como foco a concorrência travada entre empresas aéreas para o transporte noturno de cargas dos Correios. Segundo o relator, há indícios de que a Skymaster Airlines foi favorecida em uma licitação em que era a única a ter as aeronaves adequadas aos requisitos do edital.
O relator afirmou ainda que, após os depoimentos agendados, a comissão deve concentrar as investigações na análise de documentos. E mostrou-se favorável à convocação do secretário de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, uma vez que, segundo ele, “há grande celeuma sobre os editais da área de publicidade”, que passam pela secretaria. Serraglio assegurou que os depoimentos dos ex-dirigentes do PT Silvio Pereira e Delúbio Soares estão confirmados para a próxima semana.
Ao final do depoimento do ex-diretor de Tecnologia e Infra-Estrutura dos Correios, Eduardo Medeiros, na terça, o presidente da CPI, Delcídio Amaral, anunciou que vai encaminhar ao Ministério Público da União as denúncias de que Medeiros teria incorrido em falso testemunho. Delcídio citou dois crimes que merecem investigação: falso testemunho e corrupção. O falso testemunho teria ocorrido porque Medeiros disse que não conhecia Vilmar Martins, mas depois que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apresentou as denúncias de corrupção relativas à Metalúrgica Gadotti, ele admitiu que o conhecia. Já quanto à denúncia de corrupção, o senador Delcídio acredita que Medeiros não poderá mais responder, porque o fato ocorreu em 1992 e o crime já teria prescrito.
O presidente da CPI marcou para esta quarta-feira uma conversa com o empresário Vilmar Martins, porque ele teria mais documentos para fundamentar as denúncias que fez ao senador Suplicy. A denúncia foi de que após ter ganho a licitação para fornecer carrinhos de transporte de correspondência para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, teriam cobrado propina para que ele entregasse o material. Segundo o empresário, mesmo sem ter pago a propina ele conseguiu entregar o material, mas os Correios ainda devem a ele cerca de R$ 700 mil.
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13
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