O líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), quer ter em mãos o atestado de inocência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele avisou ontem que fará um pedido de informação ao Gabinete de Segurança Institucional para checar se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal fizeram mesmo uma devassa em contas de Lula e de sua família, a pedido do próprio presidente.
Uma operação pente-fino teria sido feita para checar se Lula poderia se comprometer, de alguma forma, com o escândalo do mensalão, o suposto pagamento de mesada de R$ 30 mil a deputados do PP e do PL. Para Aleluia, a Abin se desviou de suas funções se fez a checagem.
“A Abin não foi criada para dar atestado de idoneidade ao presidente. Isso é desvio de finalidade”, critica o líder pefelista, que ainda levanta suspeitas sobre a existência da operação. Ele desconfia que o pente-fino possa não ter existido. E, se ocorreu, pode não ter sido tão rigoroso a ponto de inocentar o presidente. “É preciso que a Abin diga o que fez e como fez. Se não fez, que fique claro que é jogo de cena”, cobra. “Mesmo que tenha feito, ainda há grandes chances de o atestado ser falso.”
Para ele, mesmo que o procedimento tenha sido perfeito, não se pode dizer que Lula está isento de responsabilidade. Se ficar comprovado que ele sabia do suposto pagamento de mensalão a deputados ou das relações do PT com o publicitário Marcos Valério, ele poderá ser responsabilizado. “O presidente não precisa receber dinheiro para se envolver. Difícil vai ser provar que ele não sabia dos episódio pelo menos em parte. E, se fez isso, pecou por omissão”, defende Aleluia.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a Abin e a PF analisaram gastos em cartões de crédito corporativos da Presidência da República, que poderiam ter sido utilizados em despesas de Lula e de sua família. Foram investigados também gastos pessoais da primeira-dama, Marisa Letícia, e dos filhos do presidente. Foram checadas ainda as agendas de compromissos de Lula no Palácio do Planalto, na Granja do Torto e no Palácio da Alvorada para se ter certeza de que não houve audiências que poderiam comprometê-lo.
O outro partido de oposição, porém, passou ao largo da informação. Para o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), é irrelevante saber se a Abin fez a operação. “Isso não constitui excepcionalidade. O que estamos tentando saber é como foi paga a conta dele com o partido”, argumentou Goldman. A CPI dos Correios investiga o pagamento de uma parcela de R$ 12 mil de um empréstimo de R$ 29.436 tomado por Lula no PT .
Os parlamentares querem saber se dinheiro das empresas de Marcos Valério pagaram a conta. Segundo a reportagem, o débito foi analisado pelos agentes e se chegou à conclusão que ocorreu apenas uma “confusão” nas contas do PT e foi feito apenas um ajuste contábil para quitação da dívida.
ago
08
Comments are closed.