O governo federal tem tido dificuldade em conseguir descontigenciar seu orçamento para a segurança pública. Os investimentos de R$ 400 milhões previstos para este ano estão longe de serem cumpridos. A maioria dos programas não chegou a ter 10% do seu orçamento executado até meados de agosto. Mas o secretário Nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, promete mudanças. Em palestra realizada ontem no Rio, para tratar da segurança pública, ele anunciou que dez mil policiais deverão ser treinados pelo governo federal para atuar no Rio. Luiz Fernando diz que o treinamento faz parte de uma reestruturação da segurança pública e prometeu investimentos no estado para o combate à violência. Só não disse quanto vai ser aplicado no estado. Nem quando.
O secretário declarou que o governo federal vem investindo na integração dos sistemas de informação na área de segurança, para a troca de informações entre as polícias federal e estaduais — tanto civis, quanto militares. Luiz Fernando disse que um primeiro nível dessa unificação foi implementado recentemente nas 27 unidades da Federação, sendo 25 em tempo real. É o Sistema de Integração Nacional de Informações de Segurança Pública (Infoseg), que deverá unificar os dados referentes a inquéritos, processos, veículos, motoristas, cadastros de pessoas e armas, entre outras informações relevantes.
O problema para o governo federal tem sido conseguir a autorização da equipe econômica para investir em segurança pública. A execução do projeto de modernização do sistema penitenciário, até 20 de agosto, foi de 8,7. Só 4,2% dos investimentos do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) foram executados. Até mesmo o programa de modernização da Polícia Federal só teve liberados 3,3% do orçamento previsto para este ano. Os dados são do Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi) e não incluem recursos para as despesas de custeio e manutenção do governo. Segundo Luiz Fernando, apesar de haver um “certo contingenciamento” na área de segurança, os equipamentos estão chegando e os treinamentos necessários, realizados.
Realidade chocante
Luiz Fernando declarou que a repressão policial não é a solução para a falta de segurança pública no Rio. Ele disse que o tiroteio entre policiais e traficantes, na segunda-feira, no Morro Dona Marta, “é uma realidade que choca a todos”. Segundo o secretário, mais importante são as ações de longo prazo, como projetos de inclusão social e capacitação em comunidades carentes, bem como a capacitação de policiais. “Repressão tem seu limite. Tem seu papel, mas tem seu limite”, afirmou.
Ele afirmou que a secretaria vem trabalhando em conjunto com o governo do Rio na tentativa de montar um projeto para solucionar o problema da violência de modo mais definitivo. Mas o secretário diz que este é um projeto de longo prazo, que não dará resultados da noite para o dia. Luiz Fernando lembrou que durante mais de 20 anos a segurança não foi tratada de forma sistêmica.
Presente ao seminário, o secretário de Segurança Pública do Rio, Marcelo Itagiba , disse que os investimentos em tecnologia e treinamento que o estado está realizando na área de segurança serão um exemplo a ser seguido. Um dos maiores investimentos é o Centro de Comando e Controle, inaugurado em junho no edifício da Secretaria de Segurança, na Central do Brasil. O custo do projeto foi de R$ 52 milhões. Até o fim do ano, o novo centro estará monitorando 220 câmeras distribuídas pela área de atuação dos 22 batalhões da PM distribuídos na região metropolitana do Rio.
Itagiba atribuiu aos usuários de drogas parte da responsabilidade pela violência no país e, especialmente, no Rio de Janeiro. Ele classificou como hipócrita a parcela da classe média que defende a descriminalização da maconha e afirmou que o usuário financia a violência gerada pelo tráfico de drogas. “Quando isso era coisa de pobre defendia-se a criminalização, agora que chegou aos filhos da classe média defende-se a descriminalização. Só existe o universo das drogas porque há um mercado consumidor”, disse.
ago
31
Comments are closed.