A novela em que se transformou o furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central de Fortaleza ganhou um novo capítulo. Dessa vez, a mulher de um dos homens suspeitos de participar do crime, o ex-vigilante Deusimar Neves Queiroz, foi seqüestrada por cerca de dez bandidos. Eles queriam a parte do dinheiro reservada ao ex-vigilante, que está preso na carceragem da superintendência da PF, na capital cearense.
Kiko Silva/Diário do Nordeste/ Ag. O Globo |
Mulher de vigilante indicou esconderijo do dinheiro aos bandidos |
Marli Rodrigues Cunha foi levada pelos bandidos na sexta-feira e só foi localizada ontem, na casa de familiares, em Irauçuba, a 148km da capital cearense. Este é o segundo crime envolvendo suspeitos de participação no furto ao BC. O primeiro foi o assassinato de Luiz Fernando Ribeiro, o Fê. Tido como o financiador da quadrilha, ele foi seqüestrado em 7 de outubro e, dois dias depois, encontrado morto. A parte de Fê no golpe teria sido de R$ 25 milhões.
Os seqüestradores de Marli fugiram com parte do dinheiro furtado do BC. Ela estava em casa, em um bairro na periferia de Fortaleza, quando o grupo que se identificou como agentes federais, armados com pistolas e fuzis, a rendeu com os filhos. Ameaçaram matar as crianças se ela não revelasse onde estava o dinheiro. Segundo a polícia cearense, a mulher foi levada pelo grupo até Irauçuba (CE).
Marli foi vista na cidade do interior descendo, algemada, em frente a uma casa da ex-cunhada. Ela mostrou um buraco feito em um terreno localizado ao lado do imóvel, que pertence a Olgarina Fernandes da Cunha. De acordo com os vizinhos, os homens se identificaram como policiais.
Do buraco foram retirados canos de PVC lacrados. Dentro, havia parte do dinheiro furtado do BC. A polícia ainda não sabe a quantia exata. Acredita-se que Deusimar tenha ficado com algo entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Os canos foram queimados, e o bando fugiu em três carros, todos com placas frias.
O delegado federal Antônio Celso dos Santos não descarta a possibilidade de que o grupo que seqüestrou Marli faça parte da quadrilha que roubou o BC. A PF acredita em uma guerra interna.
O ex-vigilante foi preso com R$ 240 mil depois de ter sido denunciado por uma cunhada. Ele é acusado de ter fornecido informações à quadrilha sobre a parte interna do BC. Segundo a PF, os cinco presos em setembro, com R$ 12 milhões numa casa no Mondubim, em Fortaleza, fariam parte do grupo de 12 homens que escavou o túnel por onde foi levado o dinheiro.
Cada um dos 12 “tatus” – como são chamados os escavadores – teria ficado com até R$ 3 milhões. O restante foi repartido entre os líderes da quadrilha. Em cada saca levavam R$ 500 mil. Até agora, treze pessoas foram denunciadas por participação no golpe. Três estão em liberdade, incluindo os irmãos Dermival e José Elizomarte Fernandes Vieira, donos da Brilhe Car, revendedora de veículos onde parte da quadrilha comprou 11 carros. Os dois foram denunciados por crime de lavagem de dinheiro. A PF ainda procura outros cinco suspeitos, entre eles Antônio Jussivan Alves dos Santos, o “Alemão”, um dos líderes e mentor do golpe.
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