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Policiais prenderam quatro acusados de integrar a quadrilha: outros três suspeitos continuam foragidos |
Alfredo Ribeiro e um outro acusado, identificado apenas como João Batista, foram surpreendidos por policiais federais em uma cafeteria do Setor Comercial Sul, às 7h30 de ontem. Alfredo foi levado para sua casa, no Bloco G da 303 Norte, onde também foi preso seu filho, Amílcar Ribeiro. No mesmo momento, policiais federais prenderam Mariline Modesto, cunhada de Alfredo, em Valparaíso.
Outros dois acusados de integrar o bando, Wellington Sandae e Benício Gomes, estão presos há três meses. Wellington foi detido em Uberaba (MG) e confessou a participação na tentativa de assassinato do prefeito e na falsificação das notas. Gomes estava no interior de Goiás e também assumiu a participação nos dois crimes. Segundo os investigadores, ele era o responsável por desenhar as cédulas falsas e identificou-se como o atirador na ação contra o prefeito.
Wellington e Benício não planejaram e executaram o crime contra o prefeito em troca de dinheiro. “Eles fizeram esse serviço para não morrer, porque o trabalho que faziam na falsificação das notas não estava dando certo como o chefe queria. Alfredo pediu uma compensação”, explicou o superintendente da PF, Daniel Gomes Sampaio.
Segundo os policiais federais, o atentado contra José Valdécio foi motivado pela promessa do então candidato a prefeito de desapropriar terras da Fazenda Urubu, em Valparaíso, que pertence a Alfredo. “Na primeira gestão de Valdécio (de 1997 a 2000), ele desapropriou terra do preso e não pagou indenização. Na última campanha, anunciou nova desapropriação”, disse um agente da PF que preferiu não se identificar.
Os quatro presos serão indiciados por formação de quadrilha, falsificação e tentativa de homicídio. A pena pode variar de 15 a 20 anos de prisão. Outros três suspeitos de integrar o bando tiveram a prisão temporária decretada, mas continuam foragidos até o fechamento desta edição.
Promotor ameaçado
Policiais federais disseram ainda que na mira da quadrilha estava o promotor de Justiça Diaulas Ribeiro. Dois criminosos presos pela PF nos últimos dois anos confessaram, em depoimento, que haviam sido contratados por Alfredo para executar o promotor por R$ 25 mil. Diaulas disse ontem ao Correio que foi informado das tentativas de assassiná-lo.
“Um dos presos revelou que o melhor lugar para matar um promotor é no caminho entre os prédios do Ministério Público e do Tribunal de Justiça. Por isso, ficou alguns dias me esperando ali, mas eu estava de férias”, comentou Diaulas. O crime seria uma vingança de Alfredo, que foi condenado a prisão pelo assassinato de um procurador da República, em 1988. Diaulas foi o promotor do caso.
Líder estava em liberdade condicional
Alfredo Ribeiro tem duas condenações por homicídio, segundo a Polícia Federal. Antes da prisão de ontem, ele estava em liberdade condicional. Além do caso do procurador assassinado em 1988, ele foi condenado pela morte de outro homem, que, após a morte, foi chumbado em uma parede. “Na época do caso do procurador, o Ministério Público e a Polícia Civil do DF apuraram que ele foi responsável pela morte de 18 pessoas no interior de Goiás. Não sei porque esses crimes não foram investigados naquele estado, que deve satisfação à sociedade”, cobra o promotor Diaulas Ribeiro. A investigação da tentativa de assassinato do prefeito de Valparaíso começou com base em depoimentos de pessoas que contaram ter visto dois homens em uma moto atirar em José Valdécio. Outras testemunhas viram dois homens entrar um galpão, logo após a tentativa de assassinato e chamaram a polícia. Quando os agentes chegaram ao local, além da moto e das armas do crime, encontraram uma máquina de impressão de cédulas – importada da Alemanha e avaliada em R$ 80 mil –, e cerca de R$ 16 mil em notas falsificadas de R$ 5 e de R$ 50. A Polícia Federal entrou no caso para investigar a falsificação de dinheiro. A tentativa de assassinato ficou por conta da Polícia Civil goiana. Os federais descobriram que o galpão estava em nome do filho de Alfredo, Amílcar Ribeiro. Mas, pouco tempo depois, a fábrica de dinheiro falso mudou para uma casa em Valparaíso, pois a umidade do galpão prejudicava a qualidade da impressão das notas. Os policiais federais ainda não sabem quanto do dinheiro falsificado a quadrilha colocou em circulação. Eles estimam que foi algo em trono de R$ 30 mil em notas de R$ 5. A quadrilha queria produzir cerca de R$ 70 milhões por ano. O suposto líder da quadrilha não tem a identidade confirmada pela PF. De acordo com agentes, ele utiliza também o nome do irmão Sebastião Ribeiro Sobrinho – já morto – e teria até expedido uma certidão de óbito em seu nome, Alfredo Ribeiro. “É curioso. Temos duas fichas com a foto dele e com nomes diferentes. Acreditamos que ele tenha mais interesse no nome do irmão porque muitos dos processos e bens correm em nome de Sebastião”, contou um agente da PF. (RA) |
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