Ontem o funcionário terceirizado da Câmara dos Deputados, Arthur Vinícius Pilastre Silva confirmou que vendeu a gravação feita na sessão secreta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para o PCC. Na sessão foram ouvidos o delegado Rui Ferraz e o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais, Godofredo Bittencourt, (Deic).
O CD com gravação da sessão sigilosa na CPI do Tráfico de Armas com os chefes da polícia paulista, continha informações sobre a transferência dos principais líderes do tráfico, para penitenciárias de segurança máxima. A troca de presídio é apontada como estopim para a onda de ataques e mortes que se desencadeou em São Paulo desde a madrugada de sexta-feira, dia 12.
Horas depois da confissão de Arthur Vinicius, uma onda de boatos se propagou pela capital paulista, causando mais pânico à população. Três ônibus foram queimados. No final da noite de ontem, um grupo tentou invadir um batalhão da Polícia Militar em Osasco, região metropolitana de SP, um suspeito foi morto a tiros. Boatos de mais atentados obrigaram o governo do estado a aumentar em 50% a segurança nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas e a suspender as aulas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. O PCC avisou que novos ataques iriam começar hoje.
Em depoimento à CPI, Arthur disse estar arrependido e que não tomou conhecimento do conteúdo das gravações. Os integrantes da comissão solicitaram à Justiça a prisão preventiva dos advogados Maria Cristina Souza Rachado e Sérgio Wesley da Cunha, acusados de pagar a quantia de R$ 200 pelo material. Os dois advogados são responsáveis pela defesa de Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa PCC, responsável pela onda de violência no estado de São Paulo. O advogado Sérgio Wesley negou que teria pago propina ao funcionário da Câmara.
Segundo depoimento de Arthur Silva, os advogados de Marcola o abordaram no final da sessão da CPI e horas depois, o sonoplasta os encontrou em um shopping de Brasília e entregou o CD sem saber qual o conteúdo. No dia seguinte ao ocorrido os advogados encontraram Marcola, que teria ouvido o conteúdo da gravação. No mesmo dia, o traficante se encontrou com um dos delegados que tinha comparecido a CPI, usando tom irônico, disse a ele que sabia que o nome dele havia sido citado pelos parlamentares e deu pistas de que teve acesso a informações sigilosas.
Antes de começarem os ataques e rebeliões em São Paulo, por ordem de Marcola, os advogados realizaram uma audioconferência ligando para os celulares de 40 líderes da organização presos em diferentes presídios. Trechos da conversa foram apresentados durante o telefonema.
A maioria dos deputados acredita não existir uma relação direta entre os últimos acontecimentos na capital paulista com vazamento das informações do conteúdo do CD para os integrantes do PCC. “Os delegados vieram aqui e disseram que haveria rebeliões no Dia das Mães. Com a gravação, eles podem ter descoberto que a polícia estava por dentro dos planos. Mas aquelas ações foram programadas com 20 dias de antecedência. Não daria para eles planejarem tudo em três ou quatro dias.”, disse Moroni Torgan (PFL-CE),
presidente da CPI.
Os NÚMEROS DA VIOLÊNCIA
Ao todo 94 suspeitos foram mortos durantes os conflitos com a polícia, 41 policiais foram assassinados, 4 civis mortos, 122 entre suspeitos e criminosos foram detidos, 134 armas apreendidas. Ao total foram 281 ataques, 84 ônibus destruídos , 17 atentados a bancos e 54 registros de ofensiva contra residências de policiais.
Dados: Correio Braziliense
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