Uma tática inteligente e arriscada da Policia Federal resultou na apreensão de grande quantidade de droga. Essa estratégia é judicialmente legal e foi excepcional no que tange ao combate ao tráfico de drogas.
O grande perigo foi a divulgação dessa operação, pois agora esse policial corre risco de morte, quem lê a noticia no jornal não consegue identificar o profissional, mais para Beira Mar e os demais presos da carceragem da PF, não vai ser difícil, “O policial se passou por bandido. Ele carregava um celular. Não tardou a fisgar Beira-Mar, que o intimidou e tomou dele o aparelho”, anunciou o jornal.
Deve ser lembrado que sob a custodia da PF não deveriam haver presos condenados, muito menos superlotação, pois, as sete celas planejadas para dois presos em cada abrigam aproximadamente 50, então além do traficante e dos outros presos, todos aqueles que por ventura ali passaram, podem ter visto o policial corajoso, dedicado e agora conhecido em sua encoberta diligência.
Não se pode esquecer o valor do trabalho, porém deve ser dada prioridade à segurança daqueles que se dedicam e arriscam diariamente suas vidas e de suas famílias em prol da sociedade.
Aquele que deu causa à divulgação é responsável pela vida e segurança do policial. Em certos casos a publicidade deve ser evitada
Leia matéria na integra:
Uma cilada para Beira-Mar
Traficante foi ludibriado pela Polícia Federal, que infiltrou agente com celular na cela onde bandido estava detido em Brasília. Estratégia rendeu bons resultados, com apreensão de drogas e prisão de comparsas
Marcelo Rocha
Da equipe do Correio
Rafael Ruas/Secom/RJ/27.2.03 |
Preso na cela da superintendência em Brasília, Beira-mar foi enganado por um agente da PF disfarçado |
Para levantar os passos do traficante, a PF experimentou uma estratégia arriscada. Infiltrou um agente na carceragem da superintendência. O policial se passou por bandido. Ele carregava um celular. Não tardou a fisgar Beira-Mar, que o intimidou e tomou dele o aparelho. As conversas do chefão do crime organizado foram todas monitoradas. Para não colocar em risco o agente que participou da missão, a PF não revela detalhes da operação.
A ação do espião rendeu a captura de mais de meia tonelada de droga e de mil bolinhas de haxixe, no Rio de Janeiro. Foram as maiores apreensões de drogas destinadas às favelas desde 2003. O primeiro carregamento (250kg) foi apreendido na quarta-feira. A droga foi encontrada com a ajuda de cães farejadores em um caminhão, interceptado na Via Dutra, na altura de Seropédica. O carregamento de cocaína, maconha e haxixe ia para a Favela Beira-Mar. No dia seguinte, 300kg da droga foram interceptados.
A última apreensão ocorreu esta semana, quando a PF interceptou uma encomenda de mil bolinhas de haxixe, trazida pelos Correios. Como cada uma seria vendida por R$ 50, a carga foi avaliada em R$ 50 mil. Segundo a PF do Rio, o carregamento era uma tentativa do Comando Vermelho de se recuperar. O tráfico estaria com dificuldades de trazer a droga para o estado em grandes carregamentos. Por isso, estaria utilizando “mulas” para transportar o material e, inclusive, os serviços postais dos Correios. No lugar de carretas com fundos falsos, a PF tem se deparado com desempregados transportando, de ônibus, cocaína e maconha na mala.
Malote
Em relação ao haxixe, a droga seria utilizada para abastecer a quadrilha, abalada pela apreensão de 550kg na última semana. O material tinha sido enviado do Mato Grosso do Sul, da cidade de Coronel Sapucaia, na fronteira com o Paraguai. A droga foi escondida dentro de uma pequena caixa de música e uma almofada para crianças. Estavam em um malote endereçado à Associação de Moradores da Favela Beira-Mar. As embalagens foram interceptadas no Centro de Distribuição dos Correios, em Caxias.
O jurista Luiz Flávio Gomes esclarece que a ação da Polícia Federal encontra respaldo na legislação penal. “No caso de crime organizado e de investigações sobre o tráfico, é possível infiltrar um agente para obter informações. É viável, possível e legal. Além disso, foi uma estratégia interessantíssima da PF”, elogia. “Mas esse policial agora corre risco de morte, e correrá para sempre”, pondera. Coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro não acredita que os direitos individuais do presidiário foram violados. “Em nome do combate ao crime organizado, é preciso pesar na balança o que é mais importante. No caso, o mais importante era descobrir informações sobre o Comando Vermelho”, observa.
No caso de crime organizado e de investigações sobre o tráfico, é possível infiltrar um agente para obter informações |
Em nome do combate ao crime organizado, é preciso pesar na balança o que é mais importante. No caso, o mais importante era descobrir informações sobre o Comando Vermelho |
O número
550 kg
de drogas foram apreendidos pela PF nos últimos dias, graças ao trabalho de infiltração na cela do traficante
Colaboraram Clarissa Lima e Paloma Olivetto
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