Paulo de Araujo/CB |
O pefelista (D), ao lado do tucano, atacou: “Toda a sociedade aguarda ansiosa a verdade sobre esse crime” |
Na saída, Bornhausen agradeceu a receptividade, mas voltou a tecer críticas sobre o andamento das investigações: “Há uma demora (no desfecho do inquérito) e como temos acusações na imprensa de que o ministro da Justiça (Márcio Thomaz Bastos) tem procurado orientar réus e ao mesmo tempo interferir no trabalho, nós acreditamos que a PF pode atuar de forma autônoma nessa investigação, sem a presença de um criminalista na defesa de um candidato, seu patrão, já que ele é ministro”, argumentou. “O que nós pedimos é que a PF, com a sua autoridade e sem ficar atendendo a pedido do criminalista do Lula, faça o seu trabalho e revele à sociedade”, afirmou o presidente do PFL.
Mesmo tendo conversado com Paulo Lacerda , Jereissati e Bornhausen protocolaram um manifesto de protesto contra a demora em se desvendar a origem dos R$ 1,7 milhão com que os petistas comprariam o dossiê contra o PSDB do empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas. “Toda a sociedade aguarda ansiosa a verdade sobre esse crime. Já se passaram 30 dias e a PF até agora não apontou sequer a responsabilidade pelos dólares”, criticou o pefelista.
Inquérito
Em outra vertente da investigação, membros da CPI dos Sanguessugas começam a disputar publicamente os rumos da investigação. Ontem foi dia de chiadeira pelo fato de o presidente da comissão, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), ter marcado para o dia 31, ou seja, para depois do segundo turno, os primeiros depoimentos dos petistas envolvidos no caso do dossiê — para aquela data, estão previstos os interrogatórios de Valdebran Padilha, Gedimar Passos e Jorge Lorenzetti.
“Não sei qual é a razão de não haver depoimentos na próxima semana. Algumas pessoas poderiam ser ouvidas agora”, protestou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator da CPI. “Estranhamente, não vamos ter reunião na semana que vem”, censurou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). “Do ponto de vista político, era interessante marcar os depoimentos o mais rápido possível. Mas, do ponto de vista da investigação, creio que não é possível chegar à frente da PF”, resignou-se o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
Na véspera, a CPI conseguiu realizar sua primeira reunião administrativa. Nela, aprovou a convocação de todos os chamados petistas “aloprados”, inclusive do ex-presidente do partido, Ricardo Berzoini. Também foram quebrados os sigilos bancário e fiscal do ex-assessor especial da Presidência, Freud Godoy, outro convocado, e aprovados convites para os quatro últimos ministros da Saúde — José Serra, Barjas Negri, Humberto Costa e Saraiva Felipe.
Vice-presidente da comissão, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) vai hoje a Cuiabá pegar cópia do relatório preliminar do delegado Diógenes Curado, responsável pelo inquérito. Ontem, Jungmann conversou por telefone com o juiz Jefferson Schneider, titular da 2ª Vara Federal do Mato Grosso. Segundo ele, Scheneider disse que os criminosos que fizeram o translado e a retirada do dinheiro são profissionais. “É coisa de bandido profissional e competente. Eles fizeram de tudo para evitar o rastreamento, para burlar o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e impedir que fosse detectada a origem do dinheiro”, acusou o parlamentar.
Já se passaram 30 dias e a PF até agora não apontou sequer a responsabilidade pelos dólares |
Jorge Bornhausen, presidente do PFL
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