A Polícia Federal conseguiu descobrir um esquema de contra-informação dentro da própria superintendência do Rio de Janeiro, ao longo das investigações decorrentes da Operação Gladiador, que apura o envolvimento de policiais civis, militares e soldados do Corpo de Bombeiros com a máfia dos caça-níqueis. De acordo com investigadores, a PF sofreu a traição de dois policiais. Um delegado e um agente lotados no Rio teriam repassado, nos últimos meses, informações sigilosas a uma das duas facções criminosas que disputam o controle do jogo no Rio. Ambos teriam chegado a fazer ameaças aos desafetos do ex-policial federal Paulo Cezar Ferreira do Nascimento, conhecido como Paulo Padilha, dono de máquinas de vídeojogo usadas em duas casas de bingo: Municipal e Scala.
A PF instaurou inquérito disciplinar para apurar o grau de comprometimento dos dois policiais federais com as quadrilhas. O agente federal e o delegado ainda não tiveram seus nomes divulgados pela PF, que pode vir a expulsá-los ao final das investigações internas. A Corregedoria da PF recebeu relatos do envolvimento dos dois servidores com Paulo Padilha.
De acordo com as investigações conduzidas pela PF, o ex-policial federal seria procurador da Oeste Rio Games, empresa de Rogério de Andrade, que explora os caça-níqueis com Carlos Nascimento. Padilha teria se utilizado dos contatos dos dois policiais para a “manutenção do seu negócio, inclusive ameaçando fechar os estabelecimentos que não atendam aos seus interesses por meio do aparato policial”, segundo o relatório do Ministério Público Federal encaminhado à PF.
A PF já tem a transcrição de um telefonema dado em 27 de setembro, quando Paulo Padilha teria tratado das perdas impostas ao seu esquema de jogo com um delegado federal. Segundo o ex-policial, os prejuízos mensais superariam R$350 mil por mês por conta da disputa com outros rivais na contravenção. “Paulinho, se quiser, eu faço uma sacanagem com ele aí”, declara o delegado suspeito.
Outros contatos
Segundo a Polícia Federal, a ligação de Padilha com agentes da lei não se limita aos antigos colegas da instituição à qual um dia pertenceu. De acordo com relatório de quatro procuradores da República, o contraventor teria recebido a dica de um policial civil conhecido como Raposão, que teria alertado sobre uma operação da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado para tentar prendê-lo.
As investigações da PF apontam o envolvimento direto do ex-chefe de Polícia Civil do Rio, o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB) com os “barões do jogo”. Segundo agentes federais, em troca de propinas, inspetores da Polícia Civil davam proteção às ações da chamada máfia dos caça-níqueis. As apurações apontam relações entre policiais, advogados e contadores com os “bicheiros” Fernando Iggnácio, Rogério Andrade e Paulo Padilha.
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