SEGURANÇA PÚBLICA – Agora, a tropa não sobe o morro
André Dusek/AE |
Controlar chegada e saída de drogas e armamentos é um dos objetivos da Operação Divisa Integrada |
Os 500 homens que começaram a chegar ontem vieram para patrulhar 19 áreas próximas a rodovias federais e estaduais nas divisas do estado do Rio – a operação batizada de Divisa Integrada. São prioridades áreas como a Rodovia Presidente Dutra, por onde passam, segundo a polícia, 90% das drogas, armas e munição que abastecem as favelas do Rio. Só uma nova onda de violência, como a que provocou a morte de 19 pessoas no último dia 28 de dezembro, poderá trazê-los antes do tempo para os limites da cidade. Outra exceção, que será discutida hoje entre o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, será a possível ajuda dos boinas vermelhas à segurança da 32ª Reunião do Conselho do Mercosul, que começa na quinta-feira no Copacabana Palace. É certo que um contingente ficará de prontidão para ações de pronto assalto.
O impacto da vinda da Força Nacional não mudará, pelo menos a curto prazo, a rotina de violência na cidade, como a registrada nas últimas horas: uma onda de assaltos no bairro da Tijuca, na Zona Norte, na noite de sábado, e tentativas de arrastões, na madrugada de ontem, na Linha Amarela e na Avenida Niemeyer, em São Conrado, Zona Sul. “A Força Nacional, as Forças Armadas ou qualquer outra força que vier aqui vai ter uma atuação cirúrgica. A solução permanente está na valorização da nossa polícia estadual”, afirma o secretário de Segurança Pública do Rio, delegado federal José Mariano Beltrame.
Ação tripla
Segundo Bretame, a redução da criminalidade do Rio tem três tempos. A curto prazo, vai se sentir uma presença maior do Estado — inclusive com a visibilidade dada pela Força Nacional. Mas, principalmente, pela volta a suas unidades, dentro de 15 dias, dos 5 mil policiais militares emprestados a outros órgãos públicos, como determinou decreto do governador Cabral. Só no Tribunal de Justiça do Rio há praticamente dois batalhões: 554 PMs desviados de função. A médio prazo, o estado espera começar a colher o resultado de ações de impacto, como transferência de presos perigosos, redução da entrada de drogas na cidade e, principalmente, um maciço investimento em inteligência. Já medidas estruturais, acredita o secretário, têm conseqüências a longo prazo, especialmente ações sociais nas áreas abandonadas pelo Estado e tomadas pelo poder paralelo.
Parte do contingente da Força Nacional desembarcou no início da noite na Base Aérea de Campo dos Afonsos, em Marechal Hermes, Zona Norte, vindos em vôos da Força Aérea Brasileira (FAB). Outros integrantes do grupo, em comboio com 52 carros, percorreram os 1,2 mil km entre Brasília e o Rio. Eles ficarão alojados em unidades da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. A reunião de hoje do Gabinete de Gestão Integrada do Rio e a nova rodada de encontros do Gabinete do Sudeste, marcada para amanhã em Vitória (ES), servirão para dar uma costura final à estratégia da Força no Rio. Os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), de Minas, Aécio Neves (PSDB), e do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB) abriram mão do uso da Força Nacional, mas prometeram colaborar. Integrantes dos Ministérios Públicos dos quatro estados também farão reuniões a cada dois meses para analisar os resultados das ações e traçar novos planos.
Atentado contra diretor O diretor-administrativo do Hospital Estadual Getúlio Vargas, Paulo Pedro Moreira de Almeida, sofreu um ataque criminoso na tarde de ontem, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele estava em uma moto, quando percebeu a presença de um carro com dois homens. Um deles disparou contra Paulo, mas ele não foi atingido. Paulo foi levado a um hospital da região e passa bem. A polícia tenta descobrir se ele sofreu um atentado ou tentativa de assalto. A suspeita existe porque o serviço de inteligência descobriu, na semana passada, por meio de escuta telefônica, um plano para matar o secretário estadual de Saúde do estado, Sérgio Cortes. Cortes foi à 16ª Delegacia de Polícia para acompanhar o caso. De acordo com as investigações do serviço de inteligência, grupos que se sentem prejudicados com as recentes mudanças feitas pelo novo secretário iriam executar o plano na última terça-feira, dia 9. Uma equipe da Coordenadoria de Recursos Especiais foi destacada para acompanhar o secretário permanentemente. |
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