Mário Coelho
Da equipe do Correio
Jose Varella/CB – 28/10/04 |
O manual trata, em cinco páginas, das formas de tratamento e endereçamento, dentro do módulo comunicação oficial. “Nas comunicações oficiais, deve-se (…) observar o emprego adequado dos pronomes em consonância com a área de atuação da autoridade (civil, militar etc.) e a posição hierárquica do cargo que ocupa ou da função que exerce.” Depois de recomendações de como os servidores do GDF devem escrever os documentos, vem um quadro com uma síntese das formas de tratamento. Do auditor da justiça militar a reitor de universidade, passando por prefeitos e presidente da Câmaras de Vereadores, cada um tem a forma de tratamento, o vocativo e o destinário. Os delegados devem ser tratados por “vossa senhoria” ou “senhor delegado”. O documento teve como base o manual feito pelo Cerimonial da Presidência da República.
A proposta é encampada pelo Sindicato dos Delegados do Distrito Federal (Sindepo). Na semana passada, o presidente da entidade, Mauro Cezar Lima, enviou um ofício ao diretor-geral da Polícia Civil, Cléber Monteiro, pedindo que “se digne empreender esforços no sentido de resgatar os valores da autoridade policial”. “O tratamento dispensado ao delegado de polícia deve ser ‘Excelentíssimo’, em maiúscula e por extenso, como sinal de polidez e deferência”, disse o documento.
Pesquisa positiva
A tese do Sindepo é que os delegados estão em uma carreira jurídica, assim como promotores, juízes e desembargadores. Pelo mesmo motivo, eles deveriam ser chamados por vossa excelência. O Supremo Tribunal Federal (STF) corroborou o argumento. Para reforçar a discussão, o sindicato se baseou em uma enquete feita na página da internet da entidade. Mais de 2,5 mil pessoas votaram. A enquete foi retirada do ar na terça-feira por problemas no servidor. “Nessa enquete não votaram só delegados. Os policiais em início de carreira, especialmente, são os que mais merecem ser valorizados”, afirmou Mauro Cezar.
A proposta é polêmica e não têm unanimidade dentro da categoria. A maioria dos policiais que não quiseram se identificar, acreditam que o momento não é o ideal para o debate. Em nota oficial, o delegado Mauro Cézar diz que a mudança do tratamento não é prioridade do Sindepo.
Após a discussão causada pela divulgação do ofício, o sindicato esclareceu que quer o tratamento somente em ofícios enviados à Justiça. “O povo não vai ter que tratar o delegado dessa maneira. Queremos é valorizar o profissional. Quero uma polícia unida, forte e independente.”
O povo não vai ter que tratar o delegado dessa maneira. O tratamento de Excelentíssimo deve ser colocado somente em ofícios à Justiça |
Mauro Cezar Lima, presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do DF
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