Renata Giraldi
da Folhapress
Paulo Lacerda diz que conhece Zulmar Pimentel há 30 anos e que ele “tem o perfil de um homem íntegro”. Zulmar, que era o número dois da Polícia Federal, foi afastado em decisão da ministra do STJ, Eliana Calmon, acusado de vazar informações para um delegado sob investigação
02/06/2007 02:38
Paulo Lacerda elogiou a ministra do STJ e o delegado que ela puniu(Foto: VALTER CAMPANATO/ABr)
Pela primeira vez depois da determinação da Justiça para afastar o segundo homem da hierarquia da Polícia Federal, o diretor-geral da instituição, Paulo Lacerda, lamentou ontem a saída de Zulmar Pimentel, com quem disse ter uma amizade de mais de 30 anos. Esquivando-se de criticar a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ele disse que o afastamento foi um “equívoco”.
“É possível que tenha havido algum equívoco no afastamento dele (Pimentel). Confiamos plenamente na decisão da ministra (Eliana Calmon), a qual reputamos como uma pessoa competente e justa”, afirmou Lacerda. Em seguida, acrescentou: “posso afiançar que ele (Pimentel) tem o perfil de homem íntegro. Nunca deu motivos para se duvidar da sua idoneidade. Ao contrário, sempre se caracterizou pelo rigor”.
Denunciado de ter vazado informações sigilosas para colegas investigados pela Operação Navalha, o delegado Zulmar Pimentel foi afastado das funções de diretor-executivo da PF pela ministra Eliana Calmon, do STJ, responsável pelo relatório do inquérito da Operação Navalha.
Além de Zulmar, a ministra determinou o afastamento dos delegados Antônio César Nunes, superintendente da PF na Bahia, e Paulo Bezerra, atual secretário de Segurança Pública do Estado – mas em relação a este último a PF disse que nada poderia fazer pois ele cumpria funções no estado.
Zulmar foi afastado por 60 dias porque, conforme investigações preliminares, teria avisado ao colega e superintendente regional da PF no Ceará, João Batista Paiva Santana, que estava sob suspeita de envolvimento com a máfia.
Segundo Lacerda, Zulmar foi ao Ceará cumprindo uma determinação sua para avisar a Santana que ele seria afastado do cargo e que o ato de exoneração seria publicado no “Diário Oficial” do dia seguinte. “Não queríamos que ele (Santana) soubesse da determinação pelo ‘Diário Oficial’”, disse o diretor-geral.
Defesa
De forma indireta, o diretor-geral respondeu às críticas de que a PF esteja cometendo abusos nas suas ações. Mas admitiu que é preciso “atualizar os códigos” da polícia, embora não tenha revelado os ajustes que precisam ser feitos. “A PF age como as polícias do mundo baseada em princípios de legalidade e está sob o controle do Ministério Público.
Ao contrário do que afirmava até a saída do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, Lacerda, desta vez, não comentou quando pretende deixar o comando da PF. Segundo ele, o ministro Tarso Genro (Justiça) pediu que ele permanecesse no cargo. “Não depende de mim, mas do ministro da Justiça”, disse.
O novo número 2 da PF, delegado Getúlio Bezerra, reforçou ontem o compromisso com o combate à corrupção. Segundo ele, não há nada de “esotérico ou espalhafatoso” nas operações, a seu ver realizadas dentro do bom planejamento operacional, com discrição e cautela, mas com firmeza e determinação.
De acordo com Getúlio Bezerra, caso exista “algo de escandaloso, certamente são as acrobacias e peripécias dos que confundem o público com o privado, atacando o erário agora não mais apenas na calada da noite, mas como sinal dos tempos, escancaradas, à luz do dia, em atos de deboche e acovardamento”.
Paulo Lacerda negou, ainda, que o senador Renan Calheiros esteja sendo investigado pela Polícia Federal.
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