Wilson Tosta, RIO
Um em cada três denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) em cinco operações realizadas pela Polícia Federal no Rio desde 2003 – Cerol, Planador e Hurricane 1, 2 e 3 – é policial federal. Desses, um em cada três é delegado da corporação. Nas cinco investigações, foram denunciadas 182 pessoas, incluindo 55 funcionários da PF, dos quais 16 são delegados. Anteontem, na Hurricane 3, foram presos os delegados Osvaldo da Cruz Ferreira e Flávio Furtado, o escrivão Carlos Araújo Lima e o agente Sebastião Monteiro. As acusações contra eles vão da venda de resultados de inquéritos ao vazamento antecipado de informações sobre ações policiais, detectados em escutas autorizadas pela Justiça.
“Diziam: ‘Vai ter uma ventania’”, relatou o procurador da República Orlando Monteiro, do Grupo de Controle Externo das Atividades Policiais do MPF no Rio. “‘Ventania’ era operação da PF. Então os inquéritos não andavam ou tinham relatório tendencioso. Obviamente, isso tinha um preço.” A Operação Cerol investigou corrupção em crimes previdenciários; a Planador, a emissão ilegal de passaportes; e as três Hurricanes, a ação da máfia de bingos e caça-níqueis no Rio. As Hurricanes começaram com uma denúncia de tentativa de extorsão na Delegacia de Polícia Fazendária (Delefaz) da PF no Rio.
A juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Criminal Federal, expediu ontem os alvarás de soltura para todos os beneficiados pela decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a libertação dos presos na Hurricane 1. Esperava-se, porém, a libertação de apenas oito denunciados. Onze réus deveriam continuar presos, por outros processos em que também tiveram prisão decretada. O 20º beneficiado seria Marcelo Kalil, que até a decisão de Mello era considerado foragido.
Entre os que não tinham outra prisão decretada estão Belmiro Martins Ferreira, Silvério Nery Cabral Júnior e Virgílio de Oliveira Medina. Continuam presos os bicheiros Antonio Petrus Kalil, Aílton Guimarães Jorge e Aniz Abrahão David.
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