Edson Luiz
Da equipe do Correio
José Varella/CB – 24/1/06 |
Lacerda titubeou e acabou transferido para a chefia dos arapongas |
Acácio Pinheiro/CB – 4/1/03 |
Com a mudança, Tarso Genro tenta conter a briga interna dos federais |
A indefinição de Paulo Lacerda em permanecer, pois disse que sairia junto com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, fez crescer o cacife de Corrêa dentro do Palácio do Planalto, onde tem fortes ligações. No entanto, as brigas internas ocorridas entre os diretores executivo e de Inteligência Policial, Zulmar Pimentel e Renato Porciúncula, respectivamente, fizeram com que Tarso Genro mantivesse o chefe no cargo. O racha dentro da PF também influenciou a indicação do secretário nacional de Segurança Pública, que teve tempo suficiente para cuidar da segurança dos Jogos Pan-Americanos.
Tarso alegou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sugerido o nome de Lacerda para ocupar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), principalmente para acabar com o distanciamento entre a instituição e os órgãos de segurança da União. Para seu lugar na PF, Tarso sugeriu Luiz Fernando Corrêa, que teria a mesma qualidade de seu futuro antecessor. “Não muda nada na Polícia Federal”, afirmou o ministro da Justiça, ressaltando que uma das intenções é continuar a manter a independência. “A blindagem política vai continuar”, acrescentou.
Porém, dentro da PF há o receio de que, por ter ligações com o Palácio do Planalto, Corrêa possa politizar a instituição. Tanto os delegados antigos quanto os modernos acreditam na possibilidade de grupos interferirem nas ações policiais, apesar de não criticarem abertamente o novo diretor. “A Polícia Federal não pode mais voltar no tempo. Agora tem que melhorar ainda mais, não tem como voltar atrás”, afirma um delegado da ala mais nova.
Tarso Genro negou que Corrêa tenha ligação com o PT. O novo diretor da PF escolheu o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Romero Lucena — delegado federal e ex-superintendente da Polícia Federal em Brasília — para ser o segundo homem da hierarquia. E os delegados Joaquim Mesquita e Daniel Lorews para as diretorias de Logística e Inteligência Policial, respectivamente.
Apesar de o ministro afirmar que a negociação para a ida de Lacerda para a Abin esteja acontecendo há cerca de 45 dias, na reunião de ontem com chefes de departamentos e outros delegados, Lacerda disse que somente na quarta-feira soube que iria para outro órgão. No mesmo encontro, ele falou sobre as brigas internas da instituição, sem revelar se elas foram as causadoras de sua saída, que, do ponto de vista formal, acontece na segunda-feira, às 16h.
Biscaia
O que causou indignação dentro da PF não foi a nomeação de Luiz Fernando Corrêa, mas a forma como se deu a saída de Paulo Lacerda. “Isso poderia ter sido feito quando ele manifestou a intenção de sair. Ou mesmo estipular um prazo para que ele ficasse. E isso não foi feito”, diz um delegado antigo. O diretor da PF estava em Porto Alegre dando uma palestra quando recebeu um telefonema do ministro Tarso Genro, convocando-o para uma reunião junto com o presidente Lula.
Apesar de não estar confirmado oficialmente, é grande a chance de que o secretário nacional de Justiça, Antônio Carlos Biscaia, substitua Corrêa na Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). “Ainda não fechamos, mas tenho expectativa que ele venha”, afirmou Genro.
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