OPERAÇÃO MECENAS
PF desmonta esquema no MinC
Depois de seis meses de investigação, cinco pessoas são presas acusadas de dificultar tramitação de projetos culturais. Entre elas, uma funcionária do Ministério da Cultura e um agente da Polícia Civil
Edson Luiz
Da equipe do Correio
Cadu Gomes/CB |
Valquíria de Andrade, da Polícia Federal, e Juca Ferreira, do Minc: irregularidades expostas |
Utilizando-se da funcionária do Conselho Nacional de Incentivo à Cultura, Adriana Barros Ferraz, os irmãos Raul e Jair Eduardo Cruz Machado Santiago e José Ulysses Frias Xavier, sócios da empresa G4 e o policial Paulo César Silva Guida, dono da Mecenas, ofereciam serviços para autores de projetos interessados nos financiamentos. Eles alegavam que a tramitação dos processos seria feita com rapidez.
“Há meses fomos procurados por um dirigente de projeto que denunciou ter sido procurado por uma pessoa de fora do ministério para aprovar a proposta”, conta o secretário-executivo do ministério, Juca Ferreira. Segundo o delegado Gustavo Bucker, a partir de escutas telefônicas, o esquema foi descoberto.
A escolha dos projetos a serem contactados partia de Adriana. Ela indicava aos dirigentes da G4 e da Mecenas os que tinham interesses em benefícios da Lei Rouanet. Segundo a PF, haviam propostas entre R$ 300 mil e R$ 2 milhões que tiveram a intermediação do grupo. Depois de escolhidos, os empresários passavam a oferecer serviços de consultoria e busca de patrocínios. Quando o interessado recusava, Adriana supostamente manipulava a pauta de julgamento. A superintendente da PF delegada Valquíria de Andrade explicou que a função do grupo não era facilitar a tramitação, mas atrapalhar o andamento dos processos. Os advogados dos presos negam a participação dos clientes no caso.
Músicos e produtores Daniela Paiva Da equipe do Correio Três dos cinco presos na Operação Macenas são músicos conhecidos de Brasília. Ulysses Xavier (ou Ulysses X) e os irmãos Raul (baixo) e Jair Cruz Machado Santiago (guitarra) integraram a banda Plastika nos anos 1990. E colaboraram com a criação do Porão do Rock. O Plastika era uma das 15 bandas que ensaiavam no subsolo da comercial da 207 Norte e se juntaram para idealizar o atual maior festival independente de Brasília. O grupo lançou dois álbuns: Misthiura (1998) e um homônimo seis anos depois. Tocou quatro vezes no Porão do Rock (1998, 1999, 2001, 2003). Desde o começo, a G4 Produções é uma das organizadoras do festival, ao lado da For Rock Promoções. Até hoje, Raul, Jair e Ulysses figuravam no time dos 12 conselheiros da ONG Porão do Rock, mas não ocupavam nenhum cargo de liderança ou diretoria. O Plastika não chegou a decretar o fim oficial. Mas Raul, Jair e Ulysses X passaram a ser vistos com mais freqüência no concorrido ambiente cover local. Raul tocou na BSB Disco Club, Jair integrou The Seven, colaborou algumas vezes com Kiko Péres, entre outras bandas que constam no currículo dos músicos. Na hibernação do Plastika, engataram outro projeto: Raul, Jair e Ulysses tinham show agendado amanhã com a banda Mr. Black. No repertório, Tim Maia, Jorge Ben e Banda Black Rio. |
Captação |
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