Roldão Arruda, BOA VISTA
A tensão entre indígenas e não-indígenas na Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, continua. Nas últimas horas os índios intensificaram suas reuniões para discutir o que fazer diante da resolução do Supremo Tribunal Federal (STF), que, na última quarta-feira, suspendeu a operação de retirada dos não-indígenas da reserva de 1,747 milhão de hectares homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005.
De acordo com o coordenador do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), Dionito José de Souza, é alto o grau de inconformismo entre os chefes – chamados de tuxauas, na língua dos macuxis, o grupo indígena mais populoso da região. “Eu já estou cansado de pedir paciência a eles”, disse o coordenador ao Estado.
A Polícia Federal deve chegar hoje à reserva. Segundo o delegado Fernando Segóvia, coordenador do setor de defesa institucional da corporação, a missão do contingente de quase 500 policiais será garantir a paz e a segurança na região até uma decisão final do Supremo, prevista para um prazo de dois meses.
Ontem à tarde, cerca de cem índios, provenientes das regiões montanhosas da reserva, desembarcaram no Distrito do Surumu, uma das principais entradas da área, localizada ao lado da Fazenda Destino, pertencente ao líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero.
O coordenador do Conselho Indigenista de Roraima deverá encontrar-se com eles e com outros grupos da região nos próximos dias, para definir o que fazer.
Entre os arrozeiros, a preocupação agora é outra. Eles querem consertar o mais rapidamente possível as pontes e as estradas destruídas ou obstruídas dias atrás, para impedir o avanço da Polícia Federal. Sem isso será impossível escoar a produção de arroz, que começa a ser colhido nos próximos dias. O temor deles é que os índios tentem obstruir o transporte. Na opinião de seguranças da Fazenda Destino, a possibilidade de confrontos não está descartada.
AUDIÊNCIA
A questão da Raposa Serra do Sol deverá ser um dos temas da Semana dos Povos Indígenas, que começa na quarta-feira,
O STF acatou na semana passada uma ação cautelar impetrada pelo governo de Roraima. O governador José de Anchieta Júnior (PSDB) disse em entrevista ao Estado que não concorda com a atual política de demarcação de terras indígenas, porque esvazia as fronteiras do País e põe em risco a segurança nacional e a integridade territorial do Brasil. “Me parece preocupante destinar uma área de 1,7 milhão de hectares para uma comunidade que não chega a 7 mil índios. Como é que vai garantir a segurança dessa área de fronteira?”
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