Edson Luiz
Da equipe do Correio
A Polícia Federal deverá investigar todas as liberações de recursos da União citadas em conversas telefônicas pelos envolvidos nos desvios de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nas escutas feitas durante a Operação Santa Tereza, alguns dos acusados fazem referências a outros financiamentos que estariam para sair, ou que já estavam liberados. Os relatórios produzidos pela PF mostram diálogos dos suspeitos tratando de pagamentos de propinas e combinando fraudes
Uma semana antes da Operação Santa Tereza, uma escuta da PF captou uma conversa entre duas pessoas, identificadas por Ari e Brito, que não foram presas na ação policial. Eles falam sobre recursos do BNDES para uma prefeitura do interior de São Paulo, mas o assunto avançou para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). “Ari disse que acertou 5%, diz também que falou com Rogério e ficou para sexta, mas não marcou horário”, revela o relatório de inteligência. “Ari diz que já passou por e-mail para Rogério as outras cidades. Ari diz que se sair, é na faixa de 8 ‘paus’. Brito diz que aí já tem o Rogério e o cara da Funasa. Ari questiona por quantos tem que dividir. Brito diz que é eu, você, o Domingos. Está naquele percentual de 0,25% do que eles ganharem”, acrescenta o documento.
Certeza
Para investigadores que trabalham no caso dos desvios do BNDES, restam poucas dúvidas de que a conversa é em torno da divisão de propinas. Os diálogos seguintes confirmam a tese dos policiais. “Se for 5% tem 5 aí o Rogério e o cara, eu, você e o Domingos. Brito faz as contas supondo ser 8 milhões e que 5% daria 400 ‘paus’, dá 80 ‘paus’. Ari diz que já dá para começar a brincar”, afirma o relatório da PF, citando uma escuta telefônica feita em 17 de abril deste ano. A Funasa afirmou, em nota, que só mantém relações institucionais com as prefeituras municipais e governos estaduais que apresentem pleitos por meio de projetos ou emendas parlamentares. Segundo a fundação, não há contato com outras instituições ou empresas que estejam envolvidas em obras ou outras atividades correlatas.
Uma conversa entre o empresário Marcos Vieira Mantovani e João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho, mostra que em 11 de abril deste ano, o deputado foi ao Rio, acompanhado de Tosto, que foi preso durante a Operação Santa Tereza. Moura fala que está na prefeitura de Campinas, onde iria se encontrar com o prefeito, a pedido de Paulinho. Nos diálogos, captados 13 dias antes da ação policial, eles afirmam que a viagem de ambos era para participar de uma reunião, sem citar onde e com quem. Tosto será interrogado hoje na 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
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