Pablo Rebello
Da Equipe do Correio
As polícias Federal e Civil buscam ajuda da Fundação Nacional do Índio (Funai) para continuar as investigações da morte da índia Jaiya Pewewiio Tfiruipe Xavante, de 16 anos. Hoje, representantes das duas corporações devem se reunir com especialistas do órgão para pegar mais informações sobre a etnia xavante. O encontro, agendado pelo delegado de Defesa Institucional da PF, Carlos Henrique Maia, pode auxiliar os policiais a conseguirem acesso à aldeia São Pedro, em Campinápolis (MT), onde Jaiya morava. “Esperamos que a Funai também nos ajude a conversar com os índios”, afirmou o delegado Antônio Romeiro, titular da 2ª DP (Asa Norte).
Uma das dificuldades enfrentadas pela polícia civil na investigação está relacionada com os depoimentos tomados dos indígenas que estavam na Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) no dia do crime e não têm colaborado. “Eles estão fechados”, contou Romeiro. “A maioria segue com a versão de que a menina ingeriu algo que lhe fez mal e morreu por conta disso. Dizem que não ouviram nada e negam agressões à vítima”, complementou. A Polícia Federal e Civil atuam em conjunto desde quinta-feira.
Jaiya morreu no dia 25 após ter os órgãos sexuais perfurados por uma barra de 40cm que provocou rompimento no estômago, baço e diafragma. A índia, que sofria com problemas neurológicos e motores, estava em Brasília desde 28 de maio e passava por tratamento no Hospital Sarah Kubitschek.
A repercussão do crime também ganhou força no governo federal ontem. O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), classificou como estarrecedora a morte da indígena. Ele afirmou que tem participado de reuniões com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e com a Funai para tratar das investigações. Para o ministro, as suspeitas de participação de parentes da vítima no homicídio são fruto de especulações.
Vannuchi acredita que a família da indígena deva ser indenizada porque a morte da jovem ocorreu dentro da Casai. “Ela estava sob responsabilidade da Funasa. Não resta dúvida de que uma violência como essa envolve a reparação administrativa indenizatória”, defendeu.
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