Prisão vapt-vupt
GRAVAÇÕES FLAGRAM MENEZES PRESSIONANDO OUTRO DELEGADO
O diretor-executivo afastado da Polícia Federal Romero Menezes passou poucas horas na prisão. O delegado foi solto na madrugada de ontem, a meia-noite e 48 minutos, depois de revogada pela Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Menezes foi preso terça-feira pelo diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, sob a acusação de ter vazado informações sigilosas da Operação Toque de Midas. Mas a situação de Menezes não é boa. Gravações telefônicas em posse do Ministério Público e que mostram o delegado pressionando o superintendente da PF no Amapá, Anderson Rui Fontel de Oliveira. Isso foi decisivo para o pedido de prisão temporária dele, que era, na hierarquia da PF, o segundo homem mais importante do órgão.
Nas conversas, gravadas com autorização judicial, Romero aparece tentando favorecer o irmão, José Gomes de Menezes Junior. O delegado reclama da demora de Fontel em concluir o processo em que o irmão pede à PF o credenciamento como instrutor de tiro.De acordo com informações do Ministério Público, as conversas indicam que Menezes estaria articulando o afastamento do superintendente do cargo, caso a exigência não fosse atendida.
Durante a apuração, o procurador responsável pelos inquéritos, Douglas Santos Araújo, juntou indícios de que Menezes conseguiu inscrever o irmão no curso especial de segurança portuária da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça de forma fraudulenta. Para isso, Menezes teria se utilizado de informações falsas. Além da suposta pressão para beneficiar o irmão, Menezes também é investigado pelo vazamento de informações da Toque de Midas, deflagrada em julho deste ano, para investigar suposto favorecimento à empresa MMX, do empresário Eike Batista, na licitação do processo de exploração da estrada de ferro que liga o município de Serra do Navio ao Porto de Santana, no Amapá.
No inquérito, foram incluídos indícios, mantidos ainda sob sigilo, de que seria um dos responsáveis pelo vazamento. Um desses indícios seria uma gravação telefônica entre Menezes e o irmão tratando de uma investigação da PF de “interesse local”. Foi com base nesse rol de indícios e reforçado por depoimentos e provas documentais que o procurador pediu à Justiça a prisão temporária de Menezes, do irmão e do diretor da MMX Amapá, Renato Camargo dos Santos, decretada na anteontem e revogada ontem. Menezes é investigado por tráfico de influência e vazamento de informações.
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