Os nossos leitores habituais que acompanham a série de artigos que temos publicado sob o título “Juntos vamos mudar a segurança pública no Brasil”, estão com os conhecimentos nivelados para a compreensão do que trataremos nos próximos parágrafos.
Aos nossos leitores de primeira hora, solicitamos que utilizem a pesquisa do blog (canto superior esquerdo), digitando o nome do artigo e clicando em “pesquisar no blog”, para lerem os citados artigos.
No presente artigo, responderemos a uma única pergunta, porém, antes, precisamos perguntar a você, nosso leitor do Estado do Rio de Janeiro:
– O sistema de segurança pública é eficiente no Rio de Janeiro, sendo capaz de proporcionar uma sensação de segurança e de paz social?
Se você respondeu sim, pode encerrar a leitura nesse ponto, nada o interessará nas linhas que se seguem.
Se você respondeu não, você é o alvo desse artigo, portanto, desarme-se e prossiga na leitura.
A pergunta que nos propomos a responder é a seguinte:
– Por que o sistema de segurança pública é tão ineficiente no Brasil?
A nossa resposta ficará restrita ao sistema propriamente dito, não ingressaremos em causas ou conseqüências da insegurança pública, não exibiremos as chagas da exclusão social, da não educação e da não cidadania.
Iremos direto ao ponto.
Funciona mal, muito mal, porque nós fazemos tudo para que funcione muito mal, ou seja, dolosa ou culposamente, somos nós os únicos responsáveis pelo caos dos milhares de homicídios no Rio de Janeiro, por exemplo, ano após ano.
Fazemos tudo errado, como se fossemos verdadeiros imbecis aculturados, seres de uma raça perdida no passado da ortodoxia do erro.
Agimos como bestas, incapazes de repetirmos erros seguidamente.
Sim, somos assim, estúpidos de carteira assinada e com direito ao bolsa família do lulismo paz e amor.
Se o sistema é caótico, se constamos que ele é absurdamente ineficaz, uma palavra DEVE brotar na mente em ato contínuo, é preciso MUDAR.
Mudar estrutural e conjunturalmente, como a ineficiência demonstra ser imperioso.
Em seguida, vamos elencar alguns aspectos que só existem no ineficaz sistema de segurança pública brasileiro, não tendo similar no mundo civilizado:
1) Só no Brasil, existem “meias polícias”, polícias que não executam o ciclo completo de polícia (policiamento ostensivo, preservação da ordem pública e investigação de delitos). As Polícias Militares executam uma parte e as Policiais Civis executam a outra. Esse modelo só existe aqui. Nos Estados Unidos existem incontáveis polícias, todas realizam o ciclo completo.
2) Só no Brasil, existe a possibilidade de ingresso direto no topo da carreira policial, para alguém que não seja da polícia. As Polícias Federais e as Polícias Civis realizam concurso público para delegado de polícia, maior nível hierárquico das instituições. Isso faz com que bacharéis em direito, que nada sabem sobre polícia, passem a dirigir as instituições e planejar investigações (missão precípua das polícias investigativas), algo que não aprenderam na faculdade. Assim sendo, a taxa de elucidação de delitos é desprezível e não podia ser diferente. No Rio de Janeiro, a taxa de elucidação de homicídios é inferior a 2% (só 2 homicídios são esclarecidos em cada 100), gerando uma sensação de impunidade, que alimenta a criminalidade. O ingresso deve ser pela BASE, como em toda instituição policial do mundo civilizado.
3) No Brasil, alguns estados da federação ainda insistem em não atribuir independência funcional ao Departamento de Polícia Técnico-Científica (perícia criminal), mantendo a perícia atrelada às Polícias Civis. Isso está mudando, uma boa notícia, pois a maioria dos estados já tornou a perícia uma carreira autônoma. No Rio de Janeiro, continuamos na ortodoxia do atraso, com a perícia dentro da Polícia Civil.
4) Em alguns estados do Brasil, não cumprimos os mandamentos constitucionais para o emprego das instituições policiais. O Rio de Janeiro é o maior exemplo desse descumprimento. A missão constitucional de prevenir e reprimir o tráfico de drogas e o contrabando (inclusive de armas) é da Polícia Federal, porém, no Rio, o secretário de segurança, que é delegado da Polícia Federal, manda a Polícia Militar e a Polícia Civil cumprirem a missão da Polícia Federal. E, a Polícia Federal, cumpre as missões da Polícia Militar e da Polícia Civil? Claro que não. Embora ganhem salários infinitamente maiores, são a elite da polícia, não se arriscam nas madrugadas dentro das comunidades carentes do Rio de Janeiro, isso é coisa para “samango”.
5) No Brasil insistimos em táticas ultrapassadas, que não dão certo nunca, governo após governo. Todos querem resolver o problema da segurança pública com polícia e transformam os policiais em guerrilheiros urbanos, cães de guerra, prontos para matar ou morrer. Esquecem que o dever primordial da polícia é servir e proteger ao cidadão. No Rio de Janeiro, estupidamente insistem na tática do “tiro, porrada e bomba”. Os resultados dessa ignorância, de tamanha incompetência, encontramos nas estatísticas, onde encontramos uma projeção de 15.000 cidadãos fluminenses assassinados ou desaparecidos (cemitérios clandestinos) no ano de 2009. E, ainda, 60 Policiais Militares assassinados, apenas em serviço, nos 30 meses do governo Sérgio Cabral (PMDB).
6) Absurdamente, pagamos salários completamente diferentes aos policiais. A Polícia Federal recebe salários muito maiores que as Polícias Militares e as Polícias Civis.
Por quê? Ninguém sabe, talvez, em razão de terem feito incontáveis greves nos últimos anos, quem sabe essa seja a única maneira de ser valorizado. Apenas para citar um exemplo concreto, vamos comparar duas guarnições que patrulham rodovias (fazem o mesmo serviço). No Rio de Janeiro, uma guarnição com dois agentes da Polícia Rodoviária Federal, que patrulha uma rodovia federal, custa aos cofres públicos, cerca de R$ 10.000,00 por mês. Uma guarnição da Polícia Militar com dois Soldados, que patrulha uma estrada estadual, custa aos cofres públicos, cerca de R$ 2.000,00 por mês. Cinco vezes menos!
7) Temos a mania de inventar (criar) dos brasileiros e a área da segurança pública não está livre desse defeito. Em um ato sem qualquer fundamentação palpável, criaram o Programa da Força Nacional de Segurança, um autêntico fiasco, um ralo de dinheiro público, como já comentamos em artigos anteriores.
8) Em um atraso terceiro mundista, insistimos em não dar autonomia às instituições policiais e as subordinamos a secretarias de segurança (estrutura caríssima, ineficaz e inteiramente dispensável).
E, vamos ficar por aqui, na nossa resposta, considerando que citar tais absurdos causa náuseas em qualquer inteligência mediana.
Cidadão brasileiro, por esses e por mais alguns motivos, o Brasil é um dos lugares mais inseguros do mundo, onde vivemos uma guerra não declarada que mata dezenas de milhares de cidadãos brasileiros por ano.
Cidadão fluminense, por esses e outros motivos, o Rio de Janeiro é os estado mais atrasado do Brasil, em termos de segurança pública.
O Rio de Janeiro é o pior do pior (Brasil).
No Rio de Janeiro, um Soldado de Polícia, recebe R$ 30,00 por dia para arriscar a vida, metade do que recebe uma diarista de classe média.
Fazemos tudo errado, só pode dar tudo errado.
JUNTOS SOMOS FORTES!
PAULO RICARDO PAÚL
CORONEL DE POLÍCIA
CORONEL BARBONO
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