PM deteve 58 pessoas nesta segunda (17) em operação no Jacarezinho. Imagens mostram usuários de drogas em linha de trem, perto de favela.
Apesar das promessas de combate ao crack, o número de viciados no Rio dobrou de janeiro de 2009 até agora. Os dados são do núcleo que atende dependentes químicos na Universidade Federal Fluminense (UFF). Na segunda (17), a polícia deteve 58 pessoas numa ação contra a cracolândia na favela do Jacarezinho, no subúrbio.
Pelo terceiro dia, o RJTV flagrou nesta segunda o consumo da droga na linha de trem, perto do Jacarezinho. O uso do crack é ao ar livre, a qualquer hora do dia ou da noite. Nas imagens, a droga é oferecida até para uma criança e uma grávida. (veja as cenas no vídeo ao lado)
O avanço do crack foi mostrado numa série de reportagens do RJTV, em janeiro de 2009. No Jacarezinho, jovens consumiam a droga nas calçadas. O consumo cresce numa velocidade muito mais rápida do que as medidas adotadas pelo poder público. Além da destruição física e emocional dos viciados, o crack acaba com famílias e gera um círculo de violência ao seu redor.
“Nós estamos expostos a pessoas que estão sem a mínima condição de respeitar a vida do outro, porque elas não têm respeito e nem sentem, de forma alguma, comprometidas com as outras pessoas. Então é um problema de segurança, é um problema social gravíssimo, é um fracasso das nossas políticas públicas que pode levar realmente essa criança a uma morte prematura”, afirmou Jairo Werner, coordenador do núcleo que atende dependentes químicos da UFF.
Uma das dificuldades é decidir para onde levar e o que fazer com os dependentes da droga. Há um ano, a prefeitura só tinha um abrigo para viciados, que funcionava em Vila Isabel, na Zona Norte, mas ele foi desativado. Na época, o prefeito Eduardo Paes prometeu construir mais 15. No entanto, até agora, só existem quatro. Além de um centro de atendimento que funciona em Manguinhos, mas sem internação.
Creche no lugar de barracos
A prefeitura do Rio de Janeiro informou que demoliu barracos erguidos embaixo de um viaduto, e que está construindo uma creche no lugar, que deve ser inaugurada em 15 dias. Mais imóveis devem ser derrubados ao lado da linha do trem. A Polícia Militar comprovou a denúncia de que ali funcionam pontos de prostituição.
“Isso foi encaminhado para a delegacia e o Inquérito Policial Militar (IPM) que pode constatar, mas existe a possibilidade das pessoas que fazem essa prostituição para a compra de crack, compra de drogas”, disse Ronaldo Martins, subcomandante de relações públicas da Polícia Militar.
Na próxima terça-feira (18), representantes da prefeitura e da Polícia Militar vão se reunir para decidir como será a ação para desmontar o ponto de venda e consumo de drogas no Jacarezinho. De acordo com a polícia, uma grande operação deve acontecer ainda nesta semana.
Operações policiais
O ramal de Belford Roxo passa no meio da favela do Jacarezinho. Ali, viciados sentem o efeito rápido e devastador do crack. Desde sexta-feira (14), o RJTV registra flagrantes nesta região. Na noite de sábado (15), os traficantes instalados na favela receberam a tiros policiais de cinco batalhões que participaram de uma operação.
De acordo com a Polícia Militar, no sábado, 62 pessoas foram detidas e levadas para a 25ª DP (Engenho Novo), com um total de 120 detidos no local. A polícia e a prefeitura afirmaram que o comércio de crack existe no local há pelo menos um ano. Nesta segunda-feira (17), a polícia apreendeu 4 kg da droga.
No entanto, como manda a lei, logo depois de detidas, as pessoas são liberadas. Ainda segundo a PM, a droga já circula em 300 favelas do Rio de Janeiro, e é consumida por nove em cada dez moradores de rua.
Cidade da Polícia será construída próximo ao local
A SuperVia diz que o consumo de drogas é um problema grave de saúde e segurança pública e que já procurou os órgãos em busca de solução para o caso.
Já a Polícia Civil informou, em nota, que tem realizado constantes incursões da favela do Jacarezinho para prender traficantes, apreender drogas e armas na região. Disse ainda que a construção da Cidade da Polícia será a resposta para reduzir as ações criminosas também nas redondezas daquela comunidade.
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