Cláudio Dias
Familiares e presos da Penitenciária de Araraquara (SP) voltaram a inovar na forma de entrar com telefones celulares dentro do presídio de segurança máxima. A medida mais recente foi descoberta neste mês. Em dez dias, agentes flagraram dois aparelhos enviados pelos Correios, por meio da entrega rápida conhecida como Sedex. Os celulares estavam camuflados. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) garante que os internos são punidos.
A primeira ocorrência foi no dia 1º. Um preso de 27 anos, recebeu por Sedex um pacote com doce de leite enviado do município de Borborema. Durante a revista, os agentes encontraram o telefone com um chip dentro do doce. Ação semelhante foi vista no dia 9, quando um detento de 29 anos também recebeu maços de cigarros pelo correio. Um dos maços estava com o telefone dentro. A correspondência foi enviada de Jaboticabal.
O diretor da Penitenciária, Luiz Antônio Bonini, não foi autorizado a dar entrevista. Agentes penitenciários disseram que a prática não é comum, mas já é vista, periodicamente, em algumas casas penais. Sem se identificar, a mulher de um preso garante já ter visto a pratica dar certo. Segundo a Secretaria, a forma utilizada para barrar essa entrada de telefones é manter o investimento em aparelhos de raio-x. Já foram gastos R$ 34 milhões. A Penitenciária de Araraquara, inclusive, foi pioneira neste tipo de procedimento.
De acordo com a Secretaria, “os investimentos realizados possibilitam a apreensão de aparelhos nos procedimentos de revista realizados ainda no setor de portaria da unidade, como no caso das tentativas de entrada de celulares via Sedex. Ou seja, a ação é neutralizada antes mesmo de o celular entrar no presídio”. A medida corresponde a falta grave, além da perda de benefícios adquiridos ao longo do cumprimento da pena.
“Em caso de apreensão de celular em Sedex encaminhado a preso da unidade, ele responde a procedimento disciplinar apuratório”, diz, em nota, a SAP. Tanto o detento quanto a pessoa responsável pelo envio da correspondência, que deve ter o nome listado entre os visitantes daquele interno, são penalizados. A punição ao preso é de 30 dias de isolamento. Já o familiar fica impedido de visitar a unidade por um ano.
A Secretaria afirma estar combatendo a entrada de celulares e outros objetos ilícitos em suas unidades prisionais. Para isso, vem intensificando os procedimentos de revistas gerais nos presídios do Estado. Em Araraquara, agentes da penitenciária liberam somente a entrada de produtos de higiene, bolachas, alguns tipos de doces e cigarros. Comidas prontas são proibidas.
A SAP não dispõe de dados atualizados referentes à apreensão de telefones nos presídios paulistas. O último dado é de 2008. Naquele ano, os agentes contabilizaram 7.723 celulares, numa média mensal de seis celulares por unidade.
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