Em Alagoas, agentes descobriram esquema de desvio de donativos para desabrigados
A compra de votos e a lavagem de dinheiro serão o principal alvo da Polícia Federal nas eleições deste ano. Desde a semana passada, a PF realiza uma série de buscas e apreensões em residências de cabos eleitorais e candidatos suspeitos, em várias partes do país. As operações estão focadas principalmente no Norte e Nordeste do país, onde as autoridades avaliam que este tipo de crime ocorre com maior intensidade. Na Bahia, por exemplo, a PF mapeou 80 cidades nas quais as irregularidades podem acontecer com mais frequência, e para onde será enviado um maior efetivo. Nas buscas que estão sendo feitas, os policiais estão encontrando grandes quantias em dinheiro, além de farto material de campanha ilegal e até dentaduras.
Conforme o Correio mostrou ontem, os crimes eleitorais ocorrem principalmente em regiões distantes do país, onde a atuação das autoridades é mais precária, e o abuso do poder econômico pode ser maior. Em Roraima, um assessor de um candidato a deputado federal foi surpreendido com uma bolsa com mais de R$ 400 mil. Os investigadores acreditam que o dinheiro seria usado na reta final da campanha. O mesmo aconteceu há duas semanas no Acre, quando um empresário foi preso com quase R$ 500 mil, cujo destino seria uma candidata, a missionária Antônia Lúcia. Ela foi levada à PF, onde afirmou que os recursos eram para uma emissora de rádio de sua propriedade. De acordo com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, a principal meta é dar segurança ao processo eleitoral. “A Polícia Federal vai dar todo apoio à Justiça Eleitoral”, afirmou Barreto.
Lavagem de dinheiro
Somente na semana passada, a PF realizou operações por Ceará, Bahia, Roraima, Acre e Amazonas. Em Rio Branco, Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Xapurí — todas cidades do Acre —, a PF apreendeu óculos, motores de barcos, combustíveis, notas de compras em supermercados e lojas de materiais de construção, além de bicicletas e dentaduras. Os objetos seriam distribuídos no próximo domingo. Três candidatos foram conduzidos coercitivamente — apenas para prestar depoimento e liberados em seguida — e indiciados por crimes eleitorais.
Outro crime na mira da PF, durante o período eleitoral, será a lavagem de dinheiro. “Esse tipo de delito pode ser dissimulado na confecção de material gráfico e na compra de outros itens de campanha”, afirmou o ministro da Justiça. Além de agir de forma ostensiva e repressiva, um grupo de agentes atuará de maneira dissimulada, justamente para identificar outras práticas ilegais. Isso já ocorre na Bahia, onde 80 cidades de grande porte ou polos industriais, receberão um policiamento especial. Todas têm grande densidade eleitoral e históricos de crimes eleitorais.
Quinta-feira
Último dia para o cidadão requerer a 2ª via do título eleitoral
Donativos apreendidos
Uma ação surpresa realizada ontem pela Polícia Civil de Alagoas colocou fim ao desvio de material enviado para as vítimas das enchentes, ocorridas há três meses. A Operação Palmares foi desencadeada em Santana do Mundaú (AL), onde colchões, roupas e outros donativos estavam sendo distribuídos com fins eleitoreiros. Na prefeitura da cidade, os policiais apreenderam diversos documentos fiscais, computadores e até boletim de ocorrência de falsos desabrigados. Uma pessoa acabou presa por porte ilegal de arma e munição.
Os mais de 80 policiais civis que participaram da operação cumpriram 20 mandados de busca e apreensão, após denúncias de uso eleitoral dos donativos enviados para Santana do Mundaú. Pela manhã, os agentes já haviam apreendidos cestas básicas, colchões, lençóis, cobertores, panelas e outros utensílios domésticos na casa do prefeito da cidade, José Elói da Silva.
“As suspeitas é que esses objetos seriam utilizados para fins eleitoreiros, possivelmente em troca de voto”, confirmou o delegado Daniel Pinto, coordenador da ação policial, que foi desencadeada também em União dos Palmares. Em Santana do Mundaú, os policiais prenderam também Tamús Lourenço da Silva, filho de um empresário e ex-prefeito da cidade. Com ele, a polícia recolheu munição de pistola. Por esse motivo, Tamús foi autuado em flagrante por posse ilegal de munição na delegacia regional.
Os policiais informaram também que havia na prefeitura um boletim de ocorrência em nome de Valmir Cavalcante Lima, um falso desabrigado. Lima é contador do município e, segundo os investigadores, com o documento ele pretendia ter acesso aos donativos distribuídos. (EL).
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