O corpo do policial federal Richard Fragnani de Moraes, 40, foi encontrado com um tiro na cabeça no início da noite de domingo, ao lado de seu carro, em uma estrada de terra, no bairro Santa Genebra, em Campinas, perto do Shopping Dom Pedro.
O policial trabalhava na Delegacia da Polícia Federal da cidade havia 30 anos. Ele integrou a equipe que desmontou um esquema de fraudes em licitações públicas que envolvem 11 municípios, como Campinas, Hortolândia e Indaiatuba, além de órgãos estaduais de Tocantins e de São Paulo, e que movimentou mais de R$ 615 milhões, em cinco anos, segundo o Ministério Público Estadual.
O agente trabalhou na investigação das fraudes entre os meses de janeiro e março deste ano, como papiloscopista. Ele foi responsável pelas interceptações telefônicas que apontaram a participação de operadores e lobistas na condução das fraudes em concorrências de obras e serviços públicos. Conversas com integrantes de governos municipais também foram identificadas.
De acordo com informações apuradas pela reportagem, Moraes morreu dois dias depois de ser ouvido em depoimento pela Corregedoria da Polícia Civil de Campinas no caso que investiga o sumiço de um computador que continha dados sobre a investigação, da sede do Ministério Público, em Campinas.
O prédio do MP foi invadido durante a madrugada e parte dos arquivos da investigação foi levada da sala usada por promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), responsáveis pela investigação e pelas denúncias.
Na sequência, funcionários do Fórum de Campinas encontraram aberta a sala usada pela Vara Criminal para onde o relatório sobre a investigação foi encaminhado pelos promotores. Dois computadores estavam ligados. O fato também segue sendo investigado paralelamente ao furto do computador.
A apuração das fraudes apontaram como líderes do esquema os empresários José Carlos Cepera, Emerson Geraldo de Oliveira e Maurício de Paulo Manduca. Todos foram presos em setembro deste ano, negam as acusações e já estão em liberdade.
Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi instaurada pela Câmara de Campinas para acompanhar as investigações, que apontaram para o suposto contato entre os líderes do esquema e diretores da Sanasa, empresa de saneamento básico, que pertence à prefeitura da cidade.
O delegado Roveraldo Bataglini, que está à frente das investigações sobre os ataques contra a sede do MP e no Fórum, e que agora investiga agora a morte do agente federal, foi procurado ontem à para comentar o assunto, mas não foi localizado. A informação foi que a delegacia estaria passando por correição.
INVESTIGAÇÃO
Segundo o setor de comunicação da PF, a morte está sendo tratada como suicídio devido a evidências colhidas no local pela perícia da Corregedoria da Polícia Civil, responsável pelo caso. Os peritos levaram em conta a posição da arma e do corpo de Moraes e o disparo feito pela pistola usada por ele. Mesmo assim, não é descartada a hipótese de execução.O corpo do agente foi encaminhado ontem para Tubarão (SC), local onde o policial será sepultado.
Fonte: Todo Dia – Americana/SP
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