Ministro também disse que fará pacto com Estados “não retórico” de combate ao crime
Renan Ramalho
Recém-empossado ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo afirmou neste domingo (2), em seu discurso de posse, que irá “manter a mesma linha” da Polícia Federal no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, sem “espetacularização” de suas ações.
A PF alcançou grande visibilidade no início do governo anterior ao dar ampla divulgação às operações, especialmente com imagens de políticos, empresários e advogados algemados.
– A Polícia Federal não pode ser a polícia de um governo, deve ser a polícia do Estado brasileiro. […] Deve buscar a eficiência máxima, sem espetacularização das suas ações, sempre recrimináveis, por serem nocivas ao resultado desejado da apuração de inimigos e por ser atentatórias aos direitos dos cidadãos.
Na última quinta-feira (30), Cardozo anunciou o nome do superintendente da corporação em São Paulo, Leandro Coimbra, para comandar a PF. Ele é conhecido pelo apoio e perfil semelhante ao do ex-diretor Luiz Fernando Correa, que se aposentou.
Ainda no discurso de posse, Cardozo se comprometeu a firmar um pacto “não retórico” com os Estados para combater o crime.
– É chegada a hora de percebermos que uma intervenção séria de combate ao crime organizado apenas será exitosa. Conseguirmos articular ações preventivas e repressivas que sejam pactuadas e envolvam a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios.
Cardozo começou sua fala destacando o avanço dos direitos civis no país após a redemocratização. Por vários minutos, fez vários elogios a Lula, o chamando de o “líder operário e monoglota” com sensibilidade social e que promoveu o país no cenário internacional.
Ao mencionar a presidente Dilma Rousseff, disse que ela terá um “papel libertador” na superação dos preconceitos de que “as mulheres não sabem comandar”.
– De uma coisa tenho orgulho e certeza: estarei sob o comando de uma mulher de valor, forte, ética, combativa, profunda conhecedora da arte de governar e que marcou a sua vida pela luta pela liberdade e pela transformação do nosso país.
Completou dizendo que “sempre teve orgulho” de ser comandado por mulheres e citou as prefeitas de São Paulo Luiza Erundina e Marta Suplicy, de quem foi secretário.
A cerimônia no Palácio da Justiça contou com nomes de peso dos três poderes. Estiveram presentes o procuradoregeral da República, Roberto Gurgel; o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Ari Pargendler; do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ricardo Lewandowski; do vice-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Carlos Ayres Britto; além do advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams; dos ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Nelson Jobim (Defesa), Maria do Rosário (Direitos Humanos), Fernando Haddad (Educação), Luiz Sérgio (Relações Institucionais), Alexandre Padilha (Saúde), Garibaldi Alves (Previdência), Antonio Florense (Desenvolvimento Agrário) e Ideli Salvatti (Pesca), e vários deputados, como Cândido Vaccarezza (PT-SP), Domingos Dutra (PT-MA) e Paulo Teixeira (PT-SP).
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