Antes mesmo do Brasil conhecer o nome do novo diretor-geral do Departamento de Polícia Federal (DPF), Luiz Fernando Corrêa, de 52 anos, anunciou que estava se aposentando. A concessão do benefício está no boletim interno da PF, que circulou na segunda-feira, conforme sua assessoria de comunicação. Ele está à frente da corporação desde setembro de 2007, quando sucedeu o delegado Paulo Lacerda, desgastado por inúmeras crises provocadas no governo em razão de suas investigações. A decisão de Corrêa foi mantida sob sigilo até mesmo dos mais próximos, já que ele vinha fazendo gestões políticas para fazer seu sucessor. Troncon não emplacou.
Com uma gestão marcada pela polêmica, Luiz Fernando deixa o cargo num visível desgaste, especialmente entre os sindicalistas da corporação. Luiz Fernando é responsável pelo ponto eletrônico para os policiais e pela desatroso planejamento da PF até 2022.
Uma ironia para quem iniciou a carreira como um ativo sindicalista que comandou o Sindicato dos Policiais Federais do Rio Grande do Sul, quando ainda era agente e assumiu o cargo com apoio das entidades de classe há pouco mais de três anos. De acordo com a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenap), plebiscito realizado em novembro com todos os servidores da PF revelou que o índice de rejeição ao diretor chegou a 80% entre os participantes.
Luiz Fernando deixa o cargo com 30 anos de corporação. Antes de comandar a PF, foi secretário nacional de Segurança Pública, cargo que assumiu em 2003, durante o primeiro mandato de Lula. Quando o governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, foi alçado a ministro da Justiça, se lembrou do conterrâneo Corrêa, desta vez para ser o xerife da PF.
Ambicioso, disse que pretendia planejar a PF até 2022. Foi duramente criticado por essa postura e, hoje, seus opositores garantem que ele apenas privilegiou seus colegas de turma, todos em postos-chaves da corporação. Ironicamente, o grupo ganhou o apelido de “Turma da placa”, porque todos os delegados formandos de 1996 ao lado de Luiz Fernando estão ocupando cargos de confiança na estrutura da PF.
Foi ele também quem decretou o fim das grandes operações, regionalizando as investigações que foram retiradas do órgão central, em Brasília. Evitou exposição excessiva dos responsáveis pelas investigações. Tirou de cena delegados que ganharam notoriedade nos grandes escândalos, como o jovem Luiz Zampronha, que presidiu o inquérito do mensalão, e Antônio Celso, diretor de Combate ao Crime contra o Patrimônio, responsável pela apuração do furto ao Banco Central em Fortaleza (CE) e o assassinato dos fiscais do trabalho em Unaí (MG).
O diretor também cumpriu sua verdadeira obsessão: melhorar a qualidade da prova nos inquéritos. “A prova tem de ser 101%. Contra isso não há quem possa se insurgir politicamente”, tese que sempre defendeu. O Estado de Minas tentou falar com Luiz Fernando Corrêa, que não respondeu ao pedido de entrevista.
Fonte: Estado de Minas e Fenapef
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