O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, defendeu que seja oferecida ao traficante Nem, ex-chefe do tráfico na favela da Rocinha, “alguma medida judicial” para que revele o que sabe sobre a corrupção na polícia. “Esperamos que ele possa nos dar qualquer tipo de dado para que a gente puxe esse novelo.”
Mesmo sem citar explicitamente a delação premiada, que troca colaboração com a Justiça por redução de pena, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, defendeu que seja oferecida ao traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico na favela da Rocinha, “alguma medida judicial” para que revele o que sabe sobre corrupção na polícia fluminense. O secretário afirmou que algum instrumento legal que estimule o traficante a dar informações à Corregedoria seria útil, mas foi cauteloso em relação à veracidade das informações do criminoso, que teria dito à Polícia Federal que metade do que faturava ia para policiais corruptos.
“Seria uma oportunidade importantíssima o oferecimento de alguma medida judicial para que ele pudesse contribuir com a Justiça e a polícia. Qualquer palavra no depoimento dele será minuciosamente investigada”, disse Beltrame à TV Globo, sem dar detalhes sobre o que Nem – preso na quarta-feira quando tentava fugir da Rocinha no porta-malas de um carro – já falou. “Ele tem conhecimento não só da arquitetura do tráfico, mas do assédio que ele teria no que se refere à corrupção. Nós esperamos ansiosamente que ele possa nos dar qualquer tipo de dado para que a gente puxe esse novelo.”
Beltrame afirmou que há interesse da polícia em aumentar sua credibilidade depurando sua porção corrupta. Na semana passada, policiais foram presos escoltando bandidos da quadrilha da Rocinha em fuga.
O secretário esclareceu que sabia de uma negociação de policiais civis para que Nem se entregasse, mas relativizou a credibilidade de interlocutores como o advogado que tentou subornar os PMs que flagraram o traficante. Ele disse acreditar que a cronologia dos fatos esclarecerá as dúvidas sobre o envolvimento de diferentes agentes no monitoramento do traficante.
Maré. Beltrame afirmou que não deve realizar novas ocupações neste ano para seguir o plano original de 40 UPPs. A da Rocinha será a 19.ª. Ele não quis confirmar se a região da Maré, na zona norte, próxima ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, será o novo alvo. Disse que o Bope atua na região apenas para preparar a instalação de uma unidade da corporação ali.
Um dia depois da tomada da Rocinha, Beltrame usou entrevistas na televisão para estimular moradores a denunciar criminosos e depósitos de armas e drogas no interior da favela. Ele contou que a polícia recebeu muitas denúncias já nas primeiras horas após a operação, uma demonstração de confiança crescente com as ocupações sem confrontos. “A polícia valoriza isso à medida que vai lá e apreende aquilo que foi denunciado, preservando a identidade de quem denunciou. É nessa troca que precisamos investir”, afirmou.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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