Ministério da Justiça promete reforçar as ações dos governos de Goiás e do Distrito Federal na região. Ideia é interceptar o tráfico de drogas nas rodovias, ampliar o trabalho da Força Nacional e fazer um mutirão para investigar crimes sem solução
O atentado à bala contra duas adolescentes no Novo Gama expôs, mais uma vez, por que a violência no Entorno exige uma ação mais efetiva do poder público. Os governos federal, do Distrito Federal e de Goiás pretendem estreitar as ações conjuntas para reduzir a criminalidade no Entorno.
Uma das ideias é adotar a parte civil da Força Nacional — formada por delegados e agentes — para agilizar os inquéritos que tramitam com lentidão nas várias delegacias nos arredores do DF. Além disso, postos da Polícia Rodoviária Federal serão criados para tentar diminuir a chegada de droga nas cidades do Entorno. O consumo e o tráfico de entorpecentes são considerados um dos principais motivos do aumento da violência. A União poderá instalar também mais unidades integradas de todas as forças de segurança na área.
O encontro entre representantes do Ministério da Justiça e os secretários de Segurança Pública de Goiás e do DF pode acontecer amanhã ou no início da próxima semana. Um dos pontos a ser discutido será a falta de efetivo nas polícias, principalmente no estado vizinho. “Temos que encontrar uma solução integrada entre as duas esferas de governo e não só conversar sobre o Fundo Constitucional (que libera recursos para as forças de segurança do DF)”, afirma o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto. “Além disso, vamos intensificar a Campanha do Desarmamento na região e tirar a arma de quem estiver ilegal”, acrescenta Barreto, que já teve um primeiro encontro para debater a situação com o secretário do DF, Sandro Avelar.
O Novo Gama — local onde as menores foram baleadas no início da semana —, Águas Lindas, Cidade Ocidental, Luziânia e Valparaíso, são as cidades onde ocorrem 71% dos crimes contra a vida no Entorno. Entre maio e agosto deste ano, o Gabinete de Gestão Integrada da Secretaria de Segurança de Goiás registrou 191 homicídios na área.
Apesar de no local se concentrar a maior parte do efetivo da Força Nacional, na reunião entre os secretários de Goiás e DF, o governo federal poderá oferecer o braço civil da corporação para agilizar a conclusão dos inquéritos. O grupo já foi usado em Alagoas, onde o excesso de casos de homicídio sem apuração estava travando o andamento do trabalho das autoridades de segurança.
Posto integrado
Com a situação do Entorno se agravando, a União poderá colocar em prática outras medidas que estão em estudo, como um posto integrado onde haverá efetivos da Força Nacional, das polícias Civil e Militar e da Defesa Civil. O modelo, usado em alguns estados brasileiros, tem dado resultados positivos. A Polícia Rodoviária Federal também vai intensificar as fiscalizações, principalmente nas estradas com acesso às cidades da região. O primeiro posto será montado em Águas Lindas, onde os crimes contra a vida são fomentados pelo uso e o tráfico de drogas, enquanto a base de Luziânia será reforçada com mais patrulheiros.
Autoridades da área de segurança avaliam que um dos problemas para combater a criminalidade no Entorno é a falta de efetivos suficientes para as cidades da região. Além disso, as greves das duas polícias — de Brasília e do estado vizinho — podem agravar a situação e será um dos temas discutidos na reunião entre os secretários. Este ano, o governo federal liberou em torno de R$ 150 milhões, além de três helicópteros para a área de segurança de Goiás.
“Vamos intensificar a Campanha do Desarmamento na região e tirar a arma de quem estiver ilegal”
Luiz Paulo Barreto, secretário executivo do Ministério da Justiça
Fonte: Correio Braziliense
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