Jornal do Brasil
Sem abertura para dialogo por parte do governo, a greve dos servidores federais que atinge todos os estados brasileiros continua crescendo e ameaça parar o país, garante Jorge Coutinho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Rio de Janeiro (Sintrasef).
Na avaliação dos lideres do movimento, até o momento cerca de 300 mil servidores de diferentes categorias aderiram à paralisação. Na educação, a mobilização dos professores já interrompe as aulas em 95% das instituições federais de ensino.
Ao mesmo tempo em que a mobilização aumenta, o governo não dá sinal de negociar. No único encontro dos líderes do movimento com representantes do governo, 12 de junho, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, pediu uma “trégua” de 20 dias na paralisação dos docentes. Ele prometeu que nesta terça-feira (3) “se reuniria para chegar a um acordo sobre a questão da carreira”. Tanto a trégua como a reunião não aconteceram.
“O governo sinalizou que a negociação terminaria até o dia 2, mas até agora sequer houve nova reunião”, conta Alexandre Mendes, do comando de greve da Andes. Na data marcada, segunda, um grupo da Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) esteve no Ministério do Planejamento esperando o encontro marcado. Não foram recebidos. Limitaram-se a entregar uma carta à assessora.
“Não houve reunião, nem negociação. Muito pelo contrario, no dia 12 de junho fizemos um ato e conseguimos marcar a reunião para hoje e para o dia 17. Na segunda-feira (2) [o encontro] foi cancelado”, acrescenta Coutinho.
Diante da falta de negociação por parte do governo, ele renova as ameaças de parar todo o funcionalismo do país. “Se não houver acordo, o país pode parar. Atualmente são 300 mil servidores, podemos chegar a 500 mil até o fim da semana”, afirma o diretor do Sintrasef.
Para ele, está claro que “o radicalismo não é por parte do servidor, é do governo. É a maior união [de servidores] que já houve, os três poderes aderiram. A presidente Dilma tem que entender que o servidor é fundamental”, conclui Jorge.
Os professores reivindicam principalmente a reestruturação da carreira com a incorporação de gratificações, variação de 5% entre níveis, a partir do piso que corresponde ao salário mínimo do DIEESE para regime de 20h (R$2.329,35. As demais categorias de servidores têm reivindicações diferentes, mas em comum pedem aumento do piso salarial em 22,8%, com correções desde 2007.
Transtornos para universitários e aprovados no SiSU
Os estudantes são as maiores vitimas da greve já que desde o dia 17 de maio tiveram as aulas interrompidas, impedindo a conclusão do semestre.
Os aprovados no Sistema de Seleção Unificada (SiSU) também têm transtornos pois o prazo de inscrição está marcado entre 29/06 a 09/07 e não estavam conseguindo realizá-la. Os que tentaram se matricular na Universidade Federal do Ceará foram impedidos nos dois primeiros dias por conta da greve. Nesta terça-feira (3) disponibilizaram um endereço nainternet onde é possível fazer a inscrição.
Alexandre Mendes, membro do comando de greve da Andes, concorda que os estudantes são prejudicados com a greve, no entanto afirma que as aulas serão repostas e a paralisação resultará justamente na melhoria da qualidade da educação.
“Historicamente somos uma categoria que repõe as aulas. Os conselhos deliberaram para a reposição assim que acabar a greve. Outro ponto, é que apesar desse prejuízo, nós estamos discutindo assuntos que tem a ver justamente com a qualidade da educação”, reforça.
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