Jornal de Brasília – 07/07/2012
Categoria reagiu e decidiu ampliar a greve, que já envolve 12 órgãos
O governo vai cortar o ponto dos servidores federais em greve as partir do dia 18 de junho, quando teve início a paralisação. A Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Planejamento confirmou a expedição da ordem da Secretaria de Relações de Trabalho a todos os gestores de recursos humanos do Governo Federal.
A reação, porém, foi contrária à esperada. Após saber da decisão, a categoria decidiu, em assembleia na Esplanada dos Ministérios, pela ampliação da greve, mesmo sabendo que, em geral, após fechar as negociações o governo sempre libera o pagamento dos dias parados.
“O servidor não pode ser intimidado e prejudicado por exercer um direito como o da greve. Vamos manter a paralisação”, disse o coordenador- geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito Federal(Sindsep-DF), Oton Pereira Neves.
O servidor do Ministério da Saúde Carlos Eduardo Corte reclamou da postura do governo. “Estamos firmes. Os servidores do executivo estão desvalorizados. Estamos cansados da enrolação do governo. Isso é desrespeito com o servidor e, principalmente, com a população, que é quem está sendo afetada com a suspensão dos serviços por causa da greve”, disse ele.
Os servidores reivindicam e equiparação de salário e benefícios com os servidores do Legislativo e Judiciário. Os grevistas também querem concursos públicos, contratação de servidores, a criação de plano de carreira, data-base no dia 1º de maio, e melhores condições de trabalho.
DATA LIMITE
O governo, por sua vez, disse que as negociações com os servidores não serão interrompidas, pois trabalha com uma data limite de 31 de julho para concluir os estudos sobre a possibilidade de conceder o reajuste salarial, embora considere que o prazo final é 31 de agosto, data final para enviar o projeto do Orçamento para 2013 ao Congresso Nacional.
Na sexta pela manhã, mais de 500 servidores de 12 órgãos federais em greve participaram de assembleia na Esplanada dos Ministérios. A reunião, organizada pelo Sindsep- DF, deliberou sobre a intensificação e ampliação da greve.
Um dos interlocutores mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro-chefe da Secretaria- Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que o governo confia “na maturidade dos servidores” públicos federais.
“O governo segue analisando as possibilidades, com muita preocupação em relação à economia, confiando na maturidade dos servidores, que estão vendo o que está acontecendo no mundo todo”, disse Carvalho.
Sem reajuste em 2013
Preocupado com os efeitos prolongados da crise financeira e o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no primeiro trimestre, o Palácio do Planalto não deverá prever a concessão de reajuste a servidores na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2013. O governo se vê de “mãos atadas” ao não encontrar espaço para mais despesas nas contas públicas pelo menos neste momento, enquanto a economia fraqueja. A LDO tem de ser votada até o dia 17 deste mês, caso contrário, os parlamentares não podem entrar de recesso.
O governo teme que o movimento grevista ganhe mais adesão e se torne uma espécie de bola de neve que confronte a presidente Dilma Rousseff. Segundo apuração da reportagem, a presidente Dilma tem acompanhado “hiperpreocupada” os desdobramentos da crise e deverá preparar novas medidas para socorrer a produção industrial. Na contabilidade do Ministério do Planejamento, o custo das reivindicações apresentadas por servidores públicos para 2013 alcança R$ 60 bilhões.
“O que não pode nesse momento é o governo mais uma vez jogar a responsabilidade da crise nas costas dos servidores públicos federais”, disse o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa.
SAIBA +
Estão em greve a Fundação Nacional de Saúde, Ministérios da Saúde, do Planejamento, do Trabalho e Emprego, da Integração Nacional, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Desenvolvimento Agrário, da Justiça e da Agricultura, Fundação Nacional do Índio, Arquivo Nacional, Instituto Nacional de Propriedade Industrial e Hospital das Forças Armada.
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