Agentes, Escrivães e Papiloscopístas na Esplanada dos Ministérios (Foto: Xaxá)
Com o objetivo de arrefecer mobilizações que se espalham pelo País, Planejamento faz cálculos e prepara planos para dar aumentos, mas já adianta que nem todos serão atendidos
Lu Aiko Otta e Vera Rosa, de O Estado de S.Paulo
O governo de Dilma Rousseff deve concluir nos próximos dias os cálculos de quanto destinará no ano que vem aos reajustes dos servidores federais, cujas reivindicações, se atendidas na íntegra, podem ter impacto de até R$ 92 bilhões numa folha de pagamento de cerca de R$ 100 bilhões anuais. As propostas oficiais começam a ser feitas na semana que vem, mas serão parceladas, setor por setor, de acordo com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Segundo ela, nem todas as categorias serão atendidas.
O Palácio do Planalto usa a crise econômica internacional como justificativa para atender a todos. No momento há 30 categorias em greve no País. Os primeiros a parar foram os professores de escolas técnicas e universidades federais, ainda no mês de maio.
Os sindicatos dizem haver cerca de 350 mil servidores parados atualmente. O governo, porém, afirma que o número é inflado pelos manifestantes. “Isso seria 60% dos servidores federais civis”, disse Miriam Belchior. “Se fosse assim, a Esplanada não estaria como está, trabalhando normalmente”, completou a ministra.
O governo diz estar agindo para coibir o que considera “abusos”. Na quarta-feira, 8, por exemplo, conseguiu na Justiça uma ordem para que os trabalhadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantenham 70% dos quadros de cada unidade. “Certamente não processar importação e exportação nos portos é um excesso e por isso fomos à Justiça”, afirmou Miriam. “A greve é um direito, mas tem limites.”
A paralisação dos portos é a que mais irrita a presidente Dilma Rousseff. Não por acaso, ainda em julho ela baixou decreto permitindo que o governo celebre convênios com Estados para “tomar emprestados” funcionários que substituam os grevistas.
Outra providência foi determinar o corte do ponto. Em julho, porém, isso significou deixar sem salário apenas 1.972 servidores. Técnicos dizem que o número está subestimado porque as universidades federais, por exemplo, não informaram quantos funcionários deixaram de trabalhar.
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