Poucos meses atrás, o brasileiro médio desconhecia os nomes dos juizes do Supremo Tribunal Federal (STF) – ou talvez nem soubesse que o país dispõe de uma corte máxima de Justiça. Hoje, multidões saem às ruas envergando no rosto a máscara do ministro Joaquim Barbosa, o relator do processo do mensalão. De todas as consequências do julgamento mais relevante da história recente do Brasil, a maior talvez seja esta: passamos – todos nós – a escalar os 11 nomes do Supremo como se integrassem nossa Seleção de futebol.
A transmissão pela televisão do julgamento deu ao Judiciário um grau inédito de transparência. Todas as opiniões são transmitidas ao vivo. As sentenças resultam de discussão exaustiva, em que todos os argumentos são contemplados.
Mesmo quando resvalam para o enfrentamento ríspido – em geral cercado de todos os “data venia” de praxe —, os ministros demonstram a todos nós que a Justiça resulta tão somente da mediação de divergências entre aqueles que, antes de ser magistrados, são seres humanos.
É graças aos meios de comunicação e à imprensa profissional – e não apesar deles – que o Brasil deu mais este passo significativo rumo à consolidação e ao amadurecimento de suas instituições democráticas. Os regimes totalitários costumam esconder seus atos torpes atrás de cortinas e barreiras à livre circulação da informação. É impossível acreditar que aperfeiçoaremos nossa democracia escondendo do público como se comportam nossos homens públicos – sejam eles políticos, legisladores, governantes ou juizes.
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