Fonte: O Popular
Secretário assume sem projetos.
Joaquim Mesquita foi empossado na SSPJ ontem e evitou falar sobre estratégias e possíveis mudanças
Ao assumir a Secretaria de Segurança Pública e Justiça (SSPJ) de Goiás em meio a crise no setor, o delegado da Polícia Federal (PF) Joaquim Mesquita evitou falar em estratégias ou possíveis mudanças, e destacou que dará continuidade ao trabalho que vinha sendo desenvolvido pelo procurador do Estado João Furtado Neto. Embora tenha sido confirmado novo titular da pasta há mais de 20 dias, Mesquita disse que começaria ontem a se debruçar sobre estatísticas e o relatório de gestão entregue por Furtado na solenidade de posse, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira.
“O importante é o seguinte: nós não estamos começando do zero. A secretaria possui um planejamento estratégico, uma série de projetos e iniciativas desenvolvidos pela chefia do secretário João Furtado. Essas ações terão plena continuidade e aquilo que for preciso, será aprimorado”, afirmou Mesquita, em entrevista coletiva.
O novo secretário afirmou que a nomeação reforça o “estreitamento” da União com Estados na área de segurança. “Por algum tempo, a União estava mais distanciada dos problemas da Segurança Pública. De alguns anos para cá, a migração dos servidores da União, da PF, para apoio às políticas de segurança nos Estados vem crescendo. E as análises são de que essa experiência tem sido positiva”, disse.
Em discurso no evento de posse, o governador Marconi Perillo (PSDB) disse que Furtado mostrou grande esforço à frente da pasta, mas o próprio admitia uma “deficiência”: não ser policial. O tucano adiantou que o ex-secretário voltará a cargo de chefia no governo nos próximos dias. O nome de Furtado foi cotado para a Casa Civil, mas ganha força a possibilidade de se tornar chefe de Gabinete do governador.
“Haveremos de dar tranquilidade de que os goianos precisam”, afirmou o governador ao final do discurso, em que destacou que o novo secretário terá como desafio identificar as características e soluções para cada região do Estado. “Será um trabalho árduo e a pasta terá meu irrestrito apoio.”
Ao afirmar que pretende se reunir com os comandos das Polícias Militar e Civil e do Corpo de Bombeiros, Mesquita sinalizou que de fato não pretende alterar os titulares por enquanto. Em entrevista coletiva há uma semana, quando comunicou oficialmente a saída do cargo, Furtado disse que houve acerto com o novo titular para que os comandos, que assumiram em dezembro do ano passado, fossem mantidos por enquanto.
O ex-secretário também afirmou que, para combater uma série de modalidades criminosas, o novo auxiliar do governo estrearia seu trabalho com uma série de forças-tarefas, a partir de convênios entre o governo estadual e a Polícia Federal. Mesquita evitou antecipar ações. Disse que dedicou os últimos dias a concluir as atividades na Superintendência da PF.
“Compreendo a ansiedade, mas peço compreensão dos senhores para um secretário que está tomando posse hoje, que sequer esteve na Secretaria de Segurança para obter as informações, acompanhar os trabalhos e ver as atividades. Ainda é prematuro de minha parte tratar de casos específicos”, afirmou.
Questionado sobre a greve de policiais civis, ele afirmou ter recebido informações de que “as negociações estão bastante avançadas”. Sobre a resistência de entidades à nomeação, Mesquita recorreu ao jornalista e escritor Nelson Rodrigues. “Toda unanimidade é burra. É evidente que, num processo democrático, qualquer escolha implicará em maior ou menor acolhida. O nosso desafio é construir um bom diálogo com todas as instituições.”
Monte Carlo
Questionado sobre a Operação Monte Carlo, comandada pela PF e que provocou uma crise política no governo goiano, Mesquita afirmou que não há constrangimentos por conta do novo cargo.
“Até agora eu não havia falado sobre a Secretaria de Segurança porque não me sentia confortável em tratar assuntos da pasta antes de ser nomeado. Agora, a partir do instante em que estou nomeado, não me cabe mais falar das ações em desenvolvimento pela Polícia Federal. A PF tem seu superintendente em Goiás, que falará sobre isso”, afirmou, para completar: “Tudo o que ocorreu e se tornou público (das operações) é objeto de apuração pelos órgãos competentes e aquilo que couber à SSPJ fazer para dar pleno cumprimento e colaboração com aqueles que estão à frente das investigações, nós vamos fazer”.
Mesquita negou que haja “intervenção branca” no processo de troca na SSPJ. “A União não se disporia a isso nem os Estados aceitariam.”
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