Parece brincadeira. Mas não é. Ou seria? Veja este fato narrado no site da Fenapef. Uma basófia. Hilariante. Um bom ''causo'' para os livros sobre folclore policial. Tem cada uma…
O delegado da Polícia Federal em Redenção (PA), Luís Felipe da Silva, está trabalhando duro para combater o crime na região, que nos últimos anos tem sido usada como rota alternativa do tráfico de cocaína, proveniente da Bolívia, que entra pelo extremo sul do estado, na divisa com o Mato Grosso.
Nos dias 29 e 30 de outubro, quando respondia interinamente pela chefia da delegacia, ele expediu duas ordens de uma missão policial quase cinematográfica: os agentes federais foram incumbidos de retirar cama e colchão da sala anexa ao serviço de plantão, que não tivessem o número de patrimônio do órgão. O episódio talvez rendesse uma cena divertida de ''Loucademia de Polícia'', o primeiro filme de comédia da série americana, sucesso de bilheteria nos anos 80.
Os documentos oficiais assinados pelo delegado recomendaram que a ação policial deveria ser rápida, para cumprir a Ordem de Serviço 09/2012 (também de sua lavra), que proibiu terminantemente o uso e permanência de ''qualquer objeto que possa ser utilizado para fruição de repouso noturno indevido'', como colchão, colchonete e até mesmo (pasmem!) travesseiros.
Contudo, o primeiro agente federal designado ''chefe da equipe'' para cumprir a Ordem de Missão Policial nº1262/2012, expedida no dia 29 e entregue às 19 horas, não logrou êxito nas ''diligências noturnas'', que deveriam ser feitas até a passagem de serviço, na manhã do dia 30.
No obrigatório ''Relatório de Missão Policial'', o agente da PF informou que, embora tenha conseguido identificar o número de patrimônio de três beliches (ou talvez seis camas), nas dependências da delegacia, não teve condições de precisar se os cinco colchões encontrados faziam parte do patrimônio da ''matriz cama'' ou se seriam ''bens de consumo''. O policial não conseguiu decifrar o enigma nem em consulta aos bancos de dados informatizados de controle patrimonial.
O outro agente da PF (escalado na OMP nº 1263/2012), no dia seguinte, recebeu ordem expressa para que a missão fosse cumprida ''no prazo de duas horas''. Como também era o único policial de plantão, responsável pela segurança das instalações da unidade, registro de eventuais ocorrências policiais, além de outras atribuições de seu cargo, também não conseguiu executar a ordem. Ele não poderia abandonar seu posto para desmontar e remover a cama, que estava na sala anexa. Também não encontrou local adequado para o armazenamento da cama do acervo patrimonial do órgão.
''A diligência poderia ser levada a cabo, caso o móvel estivesse causando empecilho para o cumprimento das atividades policiais, mas este fato não procede'', analisa um jurista, especialista em direito administrativo, ouvido pela Fenapef.
O cumprimento da ordem do gestor da PF em Redenção também envolvia a presença de um profissional capacitado e ferramentaria específica, para desmontagem e montagem de móveis. A Agência Fenapef apurou que o curso de formação profissional de agente da PF, ministrado pela Academia Nacional de Polícia, não inclui treinamento na montagem de mobília. A Portaria nº 523/89, que define as atribuições de todos os cargos da carreira policial federal, também não prevê essa tarefa.
De acordo com informações de policiais federais lotados na unidade da PF em Redenção, foi o próprio delegado que providenciou pessoalmente o cumprimento da ''missão policial''. Ele retirou a cama e o colchão do plantão, guardando o material em local seguro. Trancou o móvel no cômodo conhecido como ''alojamento'' e levou todas as cópias das chaves, após os registros de praxe.
Traficantes e criminosos da região do Sul do Pará não mais terão descanso (nem sono tranquilo) depois desta operação da PF em Redenção.
Fonte: Agência Fenapef
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