Fonte: Agência Sindipol/DF
A Universidade de Brasília divulgou o resultado da pesquisa realizada para conhecer as relações de trabalho e os níveis de saúde dos policiais federais no Distrito Federal.
Durante quatro meses, as pesquisadoras Professora Doutora Ana Magnólia Mendes e a Psicóloga Fernanda Duarte, do Laboratório de Psicodinâmica e Clínica de Trabalho da UnB, entrevistaram e pesquisaram junto aos policiais federais de Brasília, o cotidiano funcional dos Escrivães, Peritos Papiloscopistas e Agentes, dando ênfase à relação com os colegas, com a sociedade e com a chefia.
Insatisfação e desmotivação – O resultado da pesquisa indica uma satisfação muito grande na relação com os colegas e com a sociedade, como fonte de prazer e reconhecimento. No entanto, em contraste com estes resultados considerados positivos, a relação com os chefes denota clara e evidente insatisfação e desmotivação no trabalho pela falta de reconhecimento pelas atividades planejadas e realizadas.
Em 2009, segundo pesquisadores sobre motivação no trabalho no ambiente organizacional, Bedran Junior e Oliveira, o quadro era idêntico, indicando uma ''polícia fragmentada pela falta de comunicação aberta entre chefia e subordinados, e marcada pela contradição do lema quase militar 'hierarquia e disciplina' em uma organização democratizada há menos de 25 anos pela Constituição de 1988'', descreve o relatório.
Meritocracia – A meritocracia é o critério mais exigido pelos policiais federais para a efetivação das promoções, remoções, movimentações e viagens, bem como a urgente e necessária reestruturação da Carreira como forma de democratizar a gestão da instituição.
Os fatores acima descritos e analisados, são referenciados como potenciais de risco à saúde do policial federal, fazendo com que o cotidiano funcional resulte em uma experiência desagradável e difícil de ser superada.
Aliás, a negligência com a saúde do servidor é outro importante fator de risco, aponta o relatório. Não se conhece ações efetivas de gestão da Polícia Federal quanto ao desenvolvimento de programas preventivos ligados à área de saúde. Nas entrevistas realizadas, é quase unânime a opinião de que os policiais federais estão “largados em seus postos”.
Por tudo isso, é generalizada a sensação de abandono entre os servidores, evidenciando um forte sentimento de subutilização do seu potencial, vez que “parece não haver conhecimento sobre os servidores e suas formações, o que faz com que eles se sintam como apenas um número dentro da Polícia Federal”, conclui o relatório.
Convivência difícil – Para o presidente do Sindipol/DF, Jones Leal, os dados constantes do perfil dos policiais atestam a extrema e urgente necessidade da reestruturação geral do órgão, com vistas a tornar mais justas e humanas as relações de trabalho. ''Sem a reestruturação, continuaremos uma instituição falida, com graves problemas estruturais à mostra e uma convivência cada vez mais difícil entre as diversas categorias'', explica Leal.
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