Fonte: R7
Policiais cobravam para proteger comerciantes chineses e árabes
Em São Paulo, delegados da Polícia Federal foram flagrados fazendo bico para o crime organizado e cobrando pagamentos mensais. Os valores eram cobrados para dar proteção a comerciantes chineses e árabes, que têm lojas no centro de São Paulo, tradicional ponto de venda de contrabando e pirataria
Um vídeo, gravado em 2011, faz parte das provas do processo contra a organização criminosa. Um comerciante carregava, na cueca, o dinheiro destinado a pagar policiais corruptos. São R$ 40 mil. O montante foi arrecadado de dez comerciantes árabes e chineses.
O flagrante contra o comerciante desencadeou uma operação da Polícia Federal que levou a descoberta de uma organização criminosa. O grupo tinha, entre seus integrantes, dois delegados e outros cinco agentes. Todos policiais federais. O processo corre em segredo de Justiça, no Tribunal Regional Federal de São Paulo.
Com a prisão de um chinês, foi descoberta uma lista dos comerciantes que pagavam por proteção. Os lojistas estrangeiros também eram avisados das operações.
A investigação da Polícia Federal descobriu, também, que os agentes envolvidos enriqueceram com o dinheiro da propina cobrada dos comerciantes e todos eram policiais da delegacia fazendária, responsável pelo combate ao contrabando e à pirataria.
Com o dinheiro, os policiais compraram, entre outras coisas, uma casa em um condomínio em Arujá, apartamentos de luxo em São Paulo e no litoral paulista, além de carros importados. A investigação descobriu ainda que os agentes esbanjavam com viagens para o exterior e para o nordeste do brasil. O grupo também atuava no mercado clandestino de dólares e usava “laranjas” para lavar o dinheiro.
O juiz do processo aceitou o pedido de delação premiada, feito por três policiais, integrantes da quadrilha, que foram presos e decidiu que o delegado Marcelo Sabadin Baltazar, chefe da Delegacia Fazendária em São Paulo, fosse proibido de ter acesso ao prédio da superintendência da Polícia Federal. Ele também está impedido de se aproximar da região da rua 25 de março, onde o grupo dele atuava criminosamente.
Para Rodolpho Ramazzini, da ABCF (Associação Brasileira de Combate à Falsificação), a existência de esquemas semelhantes, comandados por policiais, ainda facilitam as ações do crime organizado.
— Poderíamos ter um incremento de 20 a 30%, no volume de operações se não houve essas pessoas mal intencionadas que atrapalham muito o trabalho de combate do poder público e de associações como a ABCF.
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