Fonte: Agência Fenapef
Nos últimos dias a Fenapef analisou os dados oficiais do Ministério do Planejamento e Gestão (MPOG), através da análise detalhada dos boletins estatísticos de pessoal, emitidos mensalmente pelo Governo Federal.
Diante das centenas de relatos de chefes incompetentes, falta de reconhecimento, desmotivação, estresse, depressão, assédio moral, perseguições e o excessivo número de licenças para tratamentos de doenças psíquicas, a pesquisa buscou avaliar números oficiais que demonstrem a repercussão desse caos organizacional na evasão de servidores.
E os resultados são reveladores. Foram analisados os dados oficiais dos últimos 30 meses, com intervalos de 04 meses. Vejam os gráficos:
– A seguir é disposta a quantidade variável de servidores, por cargo da carreira policial federal, desde setembro de 2010 até janeiro de 2013. Já é possível visualizar a queda brusca e constante no número de agentes.
– Em seguida, para cálculo real da evasão de policiais federais, é disposta a quantidade de servidores aposentados por cargo, pois a taxa de evasão num período é a diferença entre a diminuição no número de servidores e o número de aposentadorias concedidas (foram ignorados os casos de falecimento, pois não representam nem 0,1% dos dados envolvidos).
– Através dos dados colhidos, é fácil agora calcular a taxa de evasão de policiais de cada cargo da carreira policial federal. Vejam os resultados:
Através dos dados oficiais do MPOG, é lamentável constatar que nos últimos anos, a cada mês, praticamente 10 policiais dos cargos de agente, escrivão e papiloscopista abandonam a carreira à procura de melhores condições de trabalho.
É impressionante constatar que anualmente mais de 100 agentes de polícia federal desistem de continuar num órgão onde lhes é negada a possibilidade de crescimento profissional. Afinal, para que angariar a experiência de 15 ou 20 anos de combate ao crime se suas ações serão planejadas e chefiadas por um servidor geralmente inexperiente, de um outro cargo, com perfil profissional burocrático, que boicotará suas expectativas, pois acha que concorre com seus subordinados por poder político e status salarial?
E para analisar a taxa de diminuição no número de policiais de cada cargo, a seguir é disposto o somatório da taxa de evasão com as aposentadorias no período:
E mais uma constatação assustadora. Nos últimos 30 meses, em relação aos cargos de agente, escrivão e papiloscopista, ocorre uma diminuição superior a 260 policiais/ano.
Novamente, em relação ao cargo de agente, a constatação é mais chocante. O número de agentes de polícia federal diminui numa média de 215 servidores/ano. Isto significa que um concurso para 500 novos agentes só serve para compensar a diminuição de pouco mais de dois anos de evasão e aposentadorias.
As aposentadorias são algo comum em qualquer ambiente profissional. Mas os dados constatados provam uma triste realidade: os concursos públicos da PF para os cargos de agente, escrivão e papiloscopista atualmente são compensações da alarmante taxa de evasão de profissionais, que fogem da falta de reconhecimento por parte do Governo Federal.
Isto é irrefutável: há 10 anos um agente/escrivão/papiloscopista policial da PF era remunerado da mesma forma que um auditor ou fiscal da União. Hoje, recebe praticamente a metade.
Neste ano já estão confirmados vários concursos para outras carreiras públicas federais também de nível superior. E a tendência é um aumento de uma taxa de evasão já absurda. Estima-se que o prejuízo no treinamento dos policiais federais, na ANP, gira entorno de R$ 15 milhões por ano.
Assistimos à confirmação de um sintoma alertado pelas entidades sindicais há vários anos: o Governo Federal está sucateando as remunerações dos policiais federais dos cargos de agente, escrivão e papiloscopista em relação às demais carreiras típicas de Estado.
E se confirma um grave diagnóstico, a crescente migração de policiais federais para outros órgãos mais valorizados e reconhecidos pelo atual Governo.
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