Fonte: Agência Fenapef
A veiculação de um artigo publicado no jornal Estado de Minas, em 01/06/2013, intitulado“Delegados defendem reestruturação da PF sem vínculo com Ministério da Justiça” provocou o início de um grande debate entre as representações dos outros cargos que compõem a grande maioria de servidores do Departamento de Polícia Federal.
Há muito tempo questionados pelo desperdício de recursos públicos e ineficiência no combate à criminalidade, devido aos parcos índices de aproveitamento das investigações criminais (algo em torno e 3 a 8% de eficiência dos inquéritos policiais), os delegados federais temem perder o comando político do órgão. É absurdo perceber que mais de 90% do orçamento da União investido em investigações da PF são desperdiçados, escorrem pelo ralo.
Historicamente as associações de delegados influenciam a alta gestão da PF e criaram um monopólio das chefias das investigações e do comando funcional e organizacional de toda estrutura de polícia preventiva e administrativa da Polícia Federal. E em detrimento de qualquer preocupação com a eficiência ou motivação dos servidores, é triste observar que a ânsia por poder, cargos DAS, cessões políticas ou adidâncias substitui a gestão participativa e a valorização do servidor.
Nos últimos anos, policiais das outras categorias foram gradativamente retirados das chefias dos núcleos de inteligência, núcleos de análise, núcleos operacionais, controle migratório nos portos e aeroportos, de armas e munições, produtos químicos e de segurança privada, bem como da emissão e laudos técnicos, de passaportes e de vistos para estrangeiros no País. Se antes se privilegiava a experiência, atualmente o critério de ocupação de chefia é totalmente político, e o resultado é a ineficiência.
Com as discussões sobre a reformulação gerencial da PF, e a possibilidade de voltarem a se motivar e crescer profissionalmente, percorrendo uma carreira de verdade, a notícia renovou os ânimos dos Agentes, Escrivães, Papiloscopistas e Peritos, que sempre questionaram o monopólio corporativista de delegados à frente das chefias do órgão, desacompanhada da exigência de capacitação, tempo de serviço ou da meritocracia.
“Iniciaremos os estudos nesse sentido e apresentaremos uma proposta ao Ministério da Justiça, não necessariamente sugerindo uma desvinculação do Ministério, como querem os delegados, mas promovendo um amplo debate fundado na busca por eficiência, e oferecendo todo o nosso apoio na criação de uma nova estrutura, que seja compatível com o quadro de pessoal qualificado que hoje dispomos”, afirma o Presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Jones Borges Leal.
“Com salários defasados, a aposentadoria especial ameaçada, o adicional noturno suprimido (por entendimento do Ministério do Planejamento acerca do subsidio), a indenização de fronteira com dificuldades de aprovação no Congresso Nacional, e uma carreira que chega ao ápice em apenas 13 anos de serviço, os policiais federais irão intensificar sua busca por um modelo mais funcional, humano e produtivo, que reconheça as habilidades dos que escolheram a carreira policial federal como opção de vida e não apenas um emprego, bem como valorize aqueles que permaneceram na polícia e se capacitaram para diversos trabalhos de alta complexidade e responsabilidade. Os policiais federais devem provar sua competência em administrar e demonstrar que podem participar da governabilidade da Polícia Federal”, completa o Vice-Presidente da entidade, Luis Antônio A. Boudens.
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