Fonte: Correio Braziliense
Com um elefante branco simbolizando a demora do governo em atender as reivindicações, 500 agentes, escrivães e papiloscopistas marcharam na Esplanada cobrando a reestruturação das carreiras. Os pedidos custariam R$ 500 milhões por ano ao Executivo
Cerca de 500 representantes de agentes, escrivães e papiloscopis-tas (EPAs) da Polícia Federal (PF) fizeram ontem uma grande marcha entre a sede da corporação na capital do país e a Esplanada dos Ministérios—para intensificar a pressão contra o governo em prol da reestruturação das carreiras e de melhores condições de trabalho. No Congresso Nacional, lideranças sindicais participaram da criação da Frente Parlamentar de Apoio à Reestruturação da PF e lembraram dos pleitos apresentados ao Executivo no ano passado. O impacto das mudanças pedidas pelos servidores é de R$ 500 milhões por ano.
O cálculo dos custo dos pedidos foi entregue aos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, do Planejamento, Miriam Belchior, e da Fazenda, Guido Mantega. “Esperávamos o retorno em fevereiro. Foi adiado para março, depois para a sexta-feira passada e nada aconteceu. O governo não avança. O Planejamento admitiu que as nossas reivindicações são justas, mas há um nó que não se desfaz”, apontou Jones Borges Leal, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Flávio Werneck, presidente do sindicato do DF, explicou que o desembolso para a modernização da corporação não pode ser confundido com gasto.
“A PF não é apenas uma polícia judiciária. Atua no combate ao tráfico internacional de drogas e a crimes cibernéticos, entre outros. Merece atualização. Não cabe alegar excesso de gasto com a máquina ou rombo aos cofres públicos. Pensamentos assim surgem, por exemplo, quando empréstimos de bancos públicos são desviados para incentivar o consumo irresponsável ou para salvar milionários (referência a Eike Batista, atualmente em dificuldades financeiras)”, provocou Werneck. Os policiais esperam ainda reavaliar a lotação apropriada de técnicos em situações estratégicas. “Um crime cibernético exige profissionalismo, e não um indicado qualquer. É por essas distorções que, em cada 100 casos investigados, apenas cinco são concluídos”, disse.
Presidente da Frente, o deputado federal Otoniel Lima (PRB-SP) ressaltou que o trabalho conjunto de políticos e policiais tem como principal meta renovar a legislação que rege a PF e também as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros—no caso da Federal, a lei ainda é da época da ditadura militar. “Ademais, não ficaremos parados em Brasília. Vamos visitar todos os estados e conhecer as especificidades de cada um”, reforçou. Lima ainda defendeu antigos pleitos da corporação, como uma remuneração semelhante à dos servidores das carreiras típicas de Estado e o combate ao assédio moral.
Plano de segurança
A mobilização dos EPAs ontem começou às 9h, na sede da PF, no Setor de Autarquias Sul, e rumou, por mais de duas horas, para o centro de Brasília. A marca do protesto era um enorme elefante branco, que simbolizava o uma Polícia Federal atrasada, explicou Alexandre Sally, diretor parlamentar da Fenapef. Pacífica, a manifestação ocupou duas das seis faixas do Eixo Monumental.
Os grupos de diferentes estados apresentaram necessidades particulares. A presidente do Sindicato dos Policiais do RJ, Valéria Guimarães, defende um abaixo-assinado, com 100 mil assinaturas, para que as autoridades estaduais e federais incluam o projeto do plano de segurança— que vem sendo discutido no Congresso — no pacto federativo resultante dos protestos feitos em junho. “Vamos combater a corrupção com mais rigor”, destacou Valéria. A manifestação dos EPAs ganhou adesão de outras categorias, como a dos profissionais administrativos da corporação.
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