Fonte: O Estado de S. Paulo
A cinco dias da chegada do papa Francisco ao Rio para a Jornada Mundial da Juventude e em meio ao temor de protestos, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu ontem que faltam detalhes para fechar a agenda papal. O ministro da Secretaria Especial da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que a fraternidade dos brasileiros será a “principal segurança” do pontífice no País.
A cinco dias da chegada do papa Francisco ao Rio para a Jornada Mundial da Juventude, o governo federal admite que seu roteiro não está 100% fechado e ainda passa por adaptações. Segundo um dos ministros, a segurança do pontífice está nas mãos “do povo”.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, admitiu ontem que faltam alguns pontos para fechar a agenda papal, mas sem dar detalhes. Cardozo e seu colega da Defesa, Celso Amorim, participaram de duas reuniões no Rio com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, além de representantes da Gendarmaria (a polícia do Vaticano) e da prefeitura.
Democracia. “Protestos que possam haver fazem parte da democracia. O papa tem se mostrado tão aberto, tão plural na sua concepção, que eu tenho certeza de que ele vai saber entender que isso é parte da saúde democrática de um País. Saberemos conviver sem problema e espero, pacificamente, com toda forma de manifestação” Gilberto Carvalho
MINISTRO
Os Ministérios da Justiça e da Defesa são os responsáveis pela segurança pessoal do papa e evento. “Tudo o que diz respeito à presença do papa foi discutido, e nós estamos fazendo as adaptações, ouvindo sugestões do Vaticano, e eles ouvindo as nossas. Justamente para que possamos ter um plano de segurança exitoso”, disse Cardozo.
O governo brasileiro está tão preocupado com a possibilidade de manifestações populares na próxima semana que já comunicou oficialmente a equipe do papa Francisco sobre possíveis protestos. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vê seis “fontes de ameaça” à realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio: incidentes de trânsito, crime organizado, organizações terroristas, movimentos reivindicatórios, grupos de pressão e criminalidade comum. O maior nível de preocupação – o alerta vermelho – é com os chamados “grupos de pressão”, como são caracterizadas manifestações difusas, sem líderes específicos.
Mas o chefe da Igreja Católica não demonstra nenhuma apreensão com o assunto. “Eles já foram avisados, mas o papa é assim, quer matar a gente do coração indo passear de carro aberto na comunidade da Rocinha”, diz o ministro da Secretaria Especial da Presidência da República, Gilberto Carvalho. O uso de um papamóvel não blindado, pela primeira vez desde 1981, preocupa as autoridades, que ainda avaliam o risco.
O estafe de Carvalho está em contato direto com a Gendarmeria do Vaticano, acertando os detalhes da visita. “A principal segurança do papa será o entusiasmo, a tradição de paz e de fraternidade do povo brasileiro. Não estamos efetivamente preocupados, a não ser, claro, com aquilo que é a nossa obrigação oferecer: apoio logístico e de segurança a um chefe de Estado que é o que o papa representa e é”, disse o ministro a jornalistas, após participar de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em Brasília. “Em todas as manifestações religiosas já feitas no País jamais tivemos nenhum tipo de conflito. Não acredito que interessa a quem quer que seja criar problemas, cada um saberá respeitar o seu espaço.”
Mudanças» Apesar de as autoridades negarem qualquer mudança de roteiro de última hora, um dos temas discutidos ontem foi justamente a possibilidade de trocar o local da solenidade de boas-vindas ao pontífice, inicialmente previsto para ocorrer no Palácio Guanabara na segunda-feira, para a Base Aérea do Galeão. Francisco se encontrará no Palácio com a presidente Dilma Rousseff.
A sede do governo foi palco de um violento confronto entre manifestantes e policiais na semana passada. Foram usadas pedras e rojões, pelos ativistas, e tiros de borracha e bombas de gás, pelos PMs. Ainda ontem, o Comitê Organizador Local e o governo do Estado negaram qualquer mudança no roteiro já previsto. Cardozo, no entanto, admitiu que ainda haverá outras reuniões para fechar o roteiro completo e o esquema de segurança do pontífice.
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