Fonte: Fenapef
Neste dia 07 de agosto a maior greve da história da Polícia Federal faz aniversário.
Afinal, devemos comemorar ou externar o luto?
A grande greve foi uma péssima escolha política ou o início de uma verdadeira revolução da cultura policial em prol de uma sociedade mais justa e mais segura?
Dirigentes sindicais afirmam que a última greve da PF foi um verdadeiro desabafo, uma reação instintiva de agentes, escrivães e papiloscopistas federais, que reivindicaram e ainda reivindicam, acima de tudo, respeito à sua condição de carreira de nível superior, típica de Estado.
Sim, exigimos respeito, e que reconheçam o que já fazemos, sem boicotes internos.
O movimento paredista do ano passado foi uma descarga emocional de milhares de servidores, com sequelas comportamentais causadas por uma cultura organizacional burra, gerenciada por incompetentes que, alienados, sonham com adidâncias enquanto matam e destroem famílias.
O mais incrível é perceber que dirigentes da PF, no auge de uma espécie de imbecilidade autista, tentam desmoralizar ou ignorar pesquisas estatísticas que tecnicamente provam como os policiais federais estão adoecendo por causa do péssimo ambiente de trabalho.
A grande greve começou um processo de conscientização da sociedade, através dos grandes canais de comunicação. E o que antes aparentava ser uma mera briga por salários, revelou-se para a população como uma luta por dignidade profissional.
Na década passada, essas três categorias – agente, escrivão e papiloscopista – tiveram um avanço científico espetacular, pois ocorreu a composição da experiência e técnicas dos antigos policiais aos diversos campos de conhecimento acadêmico dos mais novos. Nessa época os subordinados não eram boicotados por seus superiores.
Em relação aos agentes federais, houve o avanço na metodologia científica das análises criminais especializadas e da inteligência policial, sendo que em tais áreas muitos escrivães e papiloscopistas atuaram em conjunto.
Em relação aos escrivães federais, ocorreu uma desburocratização da categoria, pois tais servidores aprimoraram o gerenciamento dos cartórios, mas conseguiram manter um perfil profissional eclético, com efetivo exercício das áreas investigativas e de inteligência.
Em relação aos papiloscopistas federais, houve o avanço científico da perícia papiloscópica, prevista para a categoria desde 1965, que alcançou outro nível de aplicação através do sistema AFIS, sendo que vários servidores também atuam nas áreas investigativas e de inteligência.
Mas, afinal, por que então essas três categorias funcionais da Polícia Federal vivenciam uma crise tão grande, comprovada em pesquisas de desmotivação, doenças, suicídios e evasão? E por que o Governo Federal e a gestão do órgão parecem desvalorizar esses servidores que ao ingressarem na PF fizeram um juramento tão valioso?
A explicação é intragável, mas deve ser conhecida pela população que paga seus impostos e deve exigir uma Polícia Federal eficiente que combata a criminalidade.
Após a década passada, representações classistas das categorias de delegado e perito, diga-se adpf e apcf respectivamente, aparentemente interpretaram a evolução das demais categorias como uma ameaça às suas prerrogativas salariais.
E gradativamente tais entidades iniciaram um processo de interferência na gestão da Polícia Federal, uma forma de boicote, onde as diretrizes políticas decididas por uma minoria de burocratas têm afetado a vida de milhares de policiais das categorias de agente, escrivão e papiloscopista.
Foram arquitetados mecanismos bem eficientes para boicotar e retroceder o avanço profissional das três categorias citadas. Mas o principal método utilizado pela gestão da Polícia Federal é a manipulação dos processos políticos de recomposição inflacionária dos subsídios e reconhecimento das atribuições hoje exercidas.
Nos últimos anos a alta gestão da Polícia Federal não tem repassado aos órgãos ministeriais, e à Presidência, o verdadeiro contexto do órgão. E como um interlocutor mal intencionado, informações oficiais cuidam para não reconhecer as atribuições complexas hoje exercidas pelas categorias de agente, escrivão e papiloscopista.
O sucateamento salarial dos últimos anos diminuiu o poder aquisitivo de milhares de famílias. É fácil estimar a depreciação inflacionária que já é estimada em 40%, enquanto o governo federal esquece que tratou preferencialmente as demais carreiras típicas de estado, provoca a evasão de mais de 260 policiais anuais, enquanto a direção geral da Polícia Federal mente vergonhosamente em reuniões em todo o país, ao dizer que uma falaciosa proposta teria sido negada pela Fenapef. Provem e sejam dignos!
A falta de competência gerencial e o interesse de desqualificar as demais categorias provocam a desmotivação dos servidores, a evasão de profissionais e o alto índice de doenças, que são transmitidas para o Ministério da Justiça como se a base de servidores fosse insubordinada, e precisasse sofrer retaliações.
No decorrer dos últimos dez anos, vale citar o processo gradativo de destruição dos antigos núcleos operacionais especializados, e o concurso para um grande número de delegados e peritos, que foram colocados como chefes exclusivos das demais categorias, em mudanças das estruturas de cargos de chefia, planejadas nos corredores de Brasília.
Uma das estratégias mais antiéticas foi o processo de desvalorização dos perfis profissionais dos agentes, escrivães e papiloscopistas federais, ocorrido no âmbito da discriminatória política de gestão de pessoas da Polícia Federal.
Pela leitura dos editais dos últimos anos, é fácil notar que a Direção de Gestão de Pessoal e a Academia Nacional de Polícia (ANP) têm desvalorizado o conteúdo das disciplinas dos concursos dessas três categorias.
O que dizer dos planos de ensino e disciplinas dos cursos de formação profissional? Pedagogas e psicólogas da ANP travam uma luta diária para impedir o crescente processo político que busca tornar o perfil profissional das categorias de agente, escrivão e papiloscopista cada vez mais superficial e menos complexo.
E nesse sistema maquiavélico, delegados e peritos decidem como são estruturados os planos de ensino que moldam os novos policiais das demais categorias. E a tendência de militarização e a ênfase em disciplinas operacionais são alternativas para evitar disciplinas complexas de perícia papiloscópica, análise criminal e inteligência policial.
Enquanto o antigo curso de pós-graduação, requisito para progressão dessas três categorias, foi transformado em curso de aperfeiçoamento, foi criada uma modalidade exclusiva de pós-graduação para delegados, assim como um convênio de pós-graduação com a Fundação Getúlio Vargas somente para peritos.
Em relação às lotações desses três cargos, práticas gerenciais absurdas foram instaladas em total desrespeito aos servidores, que sofrem um contínuo processo de relotação sem qualquer critério, onde literalmente “é jogada no lixo” a experiência dos policiais. Configura-se mais um mecanismo para evitar a especialização e crescimento profissional dessas categorias discriminadas.
Outras táticas gerenciais discriminatórias são bem conhecidas desses servidores, como o desvio de função em setores burocráticos, a lotação de profissionais especializados em locais sem estrutura operacional, e até a diretriz política para burocratizar a categoria de escrivão, onde chefes foram orientados a lotarem os escrivães somente nos cartórios, como forma de retroceder o avanço do perfil profissional de ótimos policiais.
Viagens às regiões inóspitas são direcionadas para os policiais que questionam as práticas de assédio moral, e pais e mães se desesperam diante do risco de ficarem 60 ou 90 dias longe de suas famílias, muitas vezes com pessoas adoecidas ou com dependentes menores, e até bebês ou esposas grávidas.
O que dizer da criação da Diretoria Técnico-Científica, onde papiloscopistas foram colocados subordinados a chefes que publicamente não reconheciam suas atribuições previstas há várias décadas? E depois de um longo calvário, num processo histórico de boicotes oficiais, através de um abaixo-assinado os papiloscopistas conseguiram ficar subordinados à Diretoria Executiva, e comemoraram muito.
Nos últimos dias a Fenapef recebeu denúncias de que peritos lotados na Coordenação de Tecnologia da Informação querem, a todo custo, retirar o Sistema AFIS do Instituto Nacional de Identificação, que já está ameaçado, contrariando, inclusive, diretrizes já apontadas pelo Tribunal de Contas da União. Tais informações serão apuradas.
A grande greve de 2012 foi apenas o começo.
O grande desafio não é das entidades sindicais, mas sim de todos os servidores que sonham com uma Polícia Federal sem profissionais desmotivados ou doentes, independente de qual categoria. Sim, é possível o trabalho em equipe, com respeito mútuo, com amizades, com a satisfação e sentimento de dever cumprido. Há quanto tempo não sentimos isso?
As novas lideranças sindicais têm lutado para levar a todos os setores da Sociedade a crise institucional da Polícia Federal, provocada por pessoas que não representam, e só lutam por interesses políticos egoístas, decididos em reuniões secretas, desconhecidas da grande base de representados, e sem qualquer compromisso com a sociedade.
A agenda de atos políticos da Fenapef e Sindicatos filiados é gradativa, está crescendo e está sendo realizada com enorme sucesso. E a cada dia a população, através dos jornalistas de todo o país, descobre que os agentes, escrivães e papiloscopistas só querem respeito profissional e reconhecimento.
Ainda existem aquelas matérias que publicam informações mentirosas plantadas por pessoas que se beneficiam da crise da Polícia Federal. Mas a culpa não é dos jornalistas que são enganados.
E a população já começa a perceber a verdadeira realidade profissional dos policiais federais e, curiosa, está repetindo insistentemente as mesmas perguntas: A quem interessa uma polícia federal desvalorizada? Por que o Governo Federal está sucateando as categorias de agente, escrivão e papiloscopista da Polícia Federal?
Independente se grevista ou não, é hora de juntarmos forças. Chega de generalizações, chega de conflitos internos que não focam nos verdadeiros culpados.
Não são as categorias como um todo que provocam as desavenças entre servidores. A crise da Polícia Federal é gerada por pessoas despreparadas e mal intencionadas, que nunca conheceram o verdadeiro trabalho policial em equipe, e se utilizam das massas de manobra dos seus representados para alcançarem seus interesses políticos egoístas.
Cada policial federal precisa participar, e o sindicato é a única forma de transformarmos a Polícia Federal num órgão justo, democrático e que respeita os seus servidores.
Chame seus colegas, e incentive todos a se filiarem aos sindicatos.
Faça parte dessa luta pois existe espaço para todos.
Faça parte de uma luta por uma PF melhor.
Por um Brasil melhor.
Não desistiremos.
DIRETORIA DA FENAPEF
Comments are closed.