Fonte: Sindipol/DF
Cerca de 200 policiais federais que atuam no DF estiveram mobilizados nesses últimos dois dias (19 e 20), pedindo reestruturação do Departamento de Polícia Federal e melhores condições de trabalho. As 48 horas de paralisação foram aprovadas em assembleia realizada no dia 12 de agosto e mostraram uma PF com muito mais sede de mudança. Todos os serviços prestados à população funcionaram dentro da normalidade.
Sangue para quem merece
A prova dessa mudança se reflete nas ações que os policiais de Brasília realizaram. No primeiro dia de paralisação, os policiais fizeram um protesto pacífico em frente à Superintendência Regional e, cerca 60 policiais, se deslocaram até o hemocentro para doar sangue para quem realmente precisa. Por ano, pelo menos 200 policiais deixam o departamento em vista do péssimo ambiente de trabalho. Nos últimos anos, 30 policiais se suicidaram. O apoio psicossocial é quase inexistente – assim como outras tantas promessas da Direção Geral – e quem sofre com isso são os verdadeiros guerreiros que lutam por um Brasil mais honesto e justo. Além disso, reuniões e acordos são descumpridos com total naturalidade do Governo Federal e do próprio Departamento. (Veja: Aumento de R$ 3 mil: verdade ou mentira?)
No dia 20, os federais se concentraram na rampa do Palácio da Justiça. Mais de 100 agentes, munidos com nariz de palhaço e com faixas que questionavam a investigação da corrupção do país, mandaram um recado para José Eduardo Cardozo, Ministro da Justiça, e para o Diretor Geral, Leandro Daiello Coimbra, de que a luta não acabou e que a mudança tem que ser agora.
O recado foi salientado quando o Daiello saiu do Palácio da Justiça e se deparou com o protesto pacífico dos policiais civis e federais. Agentes cercaram seu carro demonstrando a insatisfação que assola os servidores do órgão.
Às 13h, civis e federais fecharam o Eixo Monumental por um minuto, em silêncio, em um alerta sobre a “morte da Segurança Pública” e em memória aos 30 policiais federais que se suicidaram na última década.
Casa do Povo
Ainda na tarde da terça-feira (20), os federais compareceram à Audiência Pública sobre Investigação Criminal, na Câmara dos Deputados. Os Agentes, Escrivães e Papiloscopistas não estavam representados na mesa de debate, mas com faixas, camisetas e nariz de palhaço marcaram presença no local.
Na ocasião, o procurador da República no Rio de Janeiro, Marcelo Paranhos de Oliveira Miller, afirmou que “o inquérito policial é um holocausto da investigação criminal” e precisa ser extinto. Após deslocaram-se para o salão verde, engrossando o coro pela derrubada do veto presidencial nº 30/2013.
No Salão ainda estavam policiais e bombeiros militares, policiais rodoviários federais e outros manifestantes.
Balanço
Os protestos vieram com um questionamento que resume a indignação dos Policiais Federais: “O Governo quer acabar com a Corrupção? Ou quer acabar com a PF?”. A péssima gestão, a falta de reconhecimento e o assédio moral são males inimagináveis numa democracia republicana que busca uma polícia cidadã e que não devem mais ser tolerados.
As manifestações foram como um grito de quem há muito está sendo amordaçado por mesas impositivas com o governo e pelas diversas retaliações do pós greve.
E nosso grito vem seguido de um forte eco:
Nós, verdadeiros policiais federais, não vamos parar. Não vamos nos dobrar às injustiças e nos calar. Estamos saindo do anonimato e vamos às ruas!
E agora, vamos discutir segurança pública? Ou vamos continuar com a politicagem e o conteúdo raso nas discussões que permeiam o tema?
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