Fonte: Folha Press
A Polícia Federal começará a implantar seu sistema de inquérito eletrônico, chamado de e-pol, com o objetivo de integrar as diversas delegacias espalhadas pelo país, que poderão compartilhar em tempo real informações sobre as investigações em andamento.
De acordo com o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, ao permitir uma integração virtual das delegacias cada policial poderá, ao abrir inquéritos, saber se há outras investigações em curso sobre o mesmo tema ou se o investigado também é alvo em outras apurações, por exemplo.
A ferramenta, que começará a ser implantada em outubro, também permitirá que policiais interroguem pessoas em outros Estados através de videoconferências e compartilhem resultados das investigações com o Ministério Público, Justiça e advogados.
“Quando um inquérito for aberto, o Ministério Público e a Justiça serão avisados. Tanto o procurador quanto o juiz sorteado para o caso terão acesso ao conteúdo da investigação, o que facilitará todo o processo investigatório”, disse Daiello.
No caso dos advogados, aqueles que trabalharem para os investigados também terão acesso online às peças da investigação -pelo menos àquelas que não atrapalhem as apurações policiais.
O e-pol está sendo criado numa parceria entre a Universidade Federal de Campina Grande e a PF, que investiu cerca de R$ 2,4 milhões para custear as linhas de pesquisas desenvolvidas bem como as bolsas de professores e alunos que compõem a equipe.
Devido à parceira, o sistema terá tecnologia própria, o que vai evitar a dependência de empresas privadas para a manutenção do e-pol. “Nossos técnicos estão sendo treinados na universidade, quando o sistema começar a funcionar ele será totalmente operado pela polícia”, explicou Daiello.
Segundo ele, essa é uma das medidas de segurança adotadas pela PF para evitar que terceiros tenham acesso ao sistema. Como o banco de dados que será criado guardará informações extremamente estratégicas da polícia, cada usuário só poderá trabalhar em certos níveis de acesso. O policial poderá ver seus inquéritos e, após saber que há outros semelhantes, só terá acesso com a autorização do colega da outra delegacia.
A lógica se repetirá também para os cargos de chefia. Cada chefe de setor só terá acesso às investigações sob sua responsabilidade. Possíveis informações correlatas e que podem ajudar as investigações aparecerão somente como “existentes” e o acesso sempre se dará somente após a autorização do responsável pelas informações que se tenta visualizar.
Nem mesmo o diretor-geral terá acesso a todo o conteúdo do e-pol. Para abrir toda a plataforma será preciso no mínimo que quatro diretores acessem juntos o sistema.
A expectativa da PF é que o e-pol seja implantado nas principais delegacias do país até o final do primeiro semestre de 2014. Outros seis meses serão necessários para que ele alcance toda a cobertura nacional.
A primeira delegacia a receber o e-pol será de Campina Grande (PB), em outubro, a segunda será a sede da PF em Brasília.
O SINDIPOL/DF lamenta a postura antidemocrática do DPF, focada na não participação dos cargos que trabalham na investigação para contribuição no projeto. Esclarece ainda que o sistema e-pol muito dificilmente conseguirá atingir o objetivo de melhoria da eficiência nas investigações criminais, posto que não altera o arcaico sistema de investigação hoje vigente no país.
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